Menina sobrevive a acidente com álcool; casos assustam
Com o preço do gás nas alturas [botijão já chega a custar mais de R$ 120], o risco de acidentes com o uso de álcool para improvisar na cozinha aumenta a cada dia. Líquido ou em gel, especialistas afirmam que o produto é o grande vilão quando se trata de queimaduras. O uso indiscriminado por conta da pandemia também é motivo de preocupação.
E foi justamente um vidro de álcool em gel que colocou a vida da menina Ana Vitória em risco. A criança sofreu grave acidente ao tentar socorrer a mãe, que havia sido atingida pelas chamas, quando tentava acender a churrasqueira.
“Minha filha foi acender a churrasqueira e o vidro de álcool em gel explodiu. Corremos para socorrê-la e minha neta passou na frente. Assustou e abraçou a mãe”, conta a aposentada Marlene Alves do Carmo, avó da criança.
O acidente aconteceu em julho de 2020. Ana Vitória, que na época tinha acabado de completar seis anos, teve queimaduras de 2º e 3º graus. Foi atingida nos braços, peito e parte do rosto. A menina ficou em coma por 15 dias na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) de Marília. Ao todo, foram quase dez meses de internação.
A avó diz que os médicos já não davam esperança de que ela permaneceria viva. “Ela precisou fazer uma cirurgia no punho, vários enxertos de pele, e até hoje faz acompanhamento na Unidade de Queimados. A vida dela é um milagre”, afirma a aposentada.
A mãe de Ana Vitória sofreu queimaduras de menor intensidade, nas pernas e pés. “Desde a liberação anos atrás da fabricação do álcool 70%, por maior chance de combustão, os acidentes com queimaduras graves aumentaram. As estatísticas de queimaduras por álcool são muito altas no mudo todo e aqui em Marília não é diferente”, destaca João Evaristo Puzzi Bono, médico responsável pela Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) da Santa Casa de Marília.
O especialista salienta que tanto na forma líquida quanto em gel, o álcool 70% é inflamável. E a chama quase sempre é invisível, ou seja, a pessoa só percebe quando a queimadura já está instalada.
CUIDADOS
O médico João Evaristo Puzzi Bono lista alguns cuidados que devem ser tomados principalmente nessa época de pandemia, com grande exposição ao álcool 70% (gel e líquido):
Um exemplo é o caso dos “totens” : crianças pequenas têm a altura das cabeças abaixo do orifício por onde sai o álcool gel. Podem, por este motivo, ter queimaduras oculares.
É bom sempre dar preferência para lavar as mãos com água e sabão, deixando o uso do álcool em gel para quando isto não for possível.
Ainda em se tratando de crianças, é importante lembrar que a maioria dos acidentes acontecem em ambiente domiciliar. Alguns cuidados poderão ser tomados, como:
- não estocar álcool em grande quantidade;
- guardar em local longe do alcance (prateleiras mais altas);
- crianças devem sempre ser supervisionadas, por adultos, na manipulação do produto;
- limitar acesso a cozinhas e áreas potencialmente perigosas;
- revisar protetores de tomadas, e fios de aparelhos eletrodomésticos.