Menina luta contra meningite no HMI em Marília
Uma menina de sete anos luta contra meningite bacteriana há aproximadamente 15 dias no HMI (Hospital Materno Infantil) em Marília. Apesar do drama, ela está se recuperando, mas ainda sofre com os rins paralisados, por exemplo.
A reportagem conversou com o pai da garota, o vigilante noturno Adailson Alencar Vieira, de 40 anos, que descreveu os momentos de muito susto e preocupação vividos pela família, que mora em Adamantina (distante 140 quilômetros de Marília).
De acordo com ele, a menina passou a ter muita febre e foi atendida inicialmente na Santa Casa do município onde moram. “Não sabíamos o que era, até que começaram a surgir hematomas, por causa da má circulação do sangue”, contou Adailson.
Com o surgimento de uma vaga no HMI foi feita a transferência. A criança tem reagido ao tratamento e não está mais internada na ala reservada. No entanto, ela precisa fazer hemodiálise.
O processo de filtragem de sangue é necessário por conta da paralisação dos rins. “Mas os médicos disseram que devem volta a funcionar em breve”, comentou o pai da paciente.
Nos últimos dias ela precisou de doação de sangue do tipo O negativo, que foi viabilizada com a ajuda dos marilienses.
Ao Marília Notícia Adailson relatou uma conversa que teve com os médicos sobre a falta de vacinação da garota. “Ela tem sete anos e os médicos disseram que a vacinação só começou a ser feita há mais ou menos uns cinco anos, por isso ela não estava imunizada”.
Vacinas
A melhor maneira de evitar a meningite é prevenindo antes que um contato com a doença ocorra. Hoje existem algumas vacinas disponíveis, mas com diferenças importantes entre elas.
Contra a doença meningocócica, existem dois tipos de vacina: as vacinas conjugadas (C e ACWY) e a vacina meningocócica B.
Na rede pública somente contra o tipo C pode ser encontrado. Clínicas particulares oferecem todos os tipos de proteção.
Casos na região
Um levantamento feito pelo MN recentemente mostrou que entre junho e julho a Região administrativa de Marília já registrou 39 internações provocadas por meningite.
As informações são do banco de dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde).
Foram 19 ocorrências de pessoas com residência em Marília, seis em Assis, cinco em Garça, quatro em Bernardino de Campos, duas em Tupã, uma em Santa Cruz do Rio Pardo, um em Paraguaçu Paulista e mais uma em Ourinhos.
No período foram duas mortes por conta da doença da região: uma em Assis e outra em Santa Cruz do Rio Pardo.
As informações referentes a internações são disponíveis desde janeiro 2008. Desde lá, até julho deste ano foram 602 casos – 311 só em Marília. Ao todo, no período analisado, 20 cidades apresentaram pacientes com meningite internados.
Nesse recorte, chama a atenção a cidade de Ourinhos, que teve 97 registros – contra um em 2017, como demonstrado acima. O número de mortos com a doença foi de 42 na região – 16 em Marília e 12 em Ourinhos, principalmente.
Quando a verificação é por casos notificados e confirmados – e não especificamente por internações – os dados disponíveis vão de 2007 até 2015.
No quadro desse período, o número de confirmações de meningite (e não internações) foi de 1.035 confirmações na região administrativa – 567 só em Marília.
Meningite
A meningite, de acordo com o Ministério da Saúde, é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. “Pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, parasitas e fungos, ou também por processos não infecciosos”, afirma o órgão.
De acordo com as informações oficiais, as meningites bacterianas e virais são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, devido sua magnitude, capacidade de ocasionar surtos, e no caso da meningite bacteriana, a gravidade dos casos.
Segundo a organização internacional MSF (Médicos Sem Fronteira), quando pessoas infectadas começam a manifestar os primeiros sintomas, constantemente têm dores de cabeça intensas e repentinas, febre, náusea, vômito, fotofobia (baixa tolerância à luz) e enrijecimento do pescoço.
Ainda que pessoas de qualquer idade possam ser infectadas pela meningite, bebês e crianças são particularmente suscetíveis.