Médico que tomou duas vacinas diferentes de Covid é investigado
A Prefeitura de Assis (distante 75 quilômetros de Marília) está investigando o caso do médico Oliveiro Pereira da Silva Alexandre, que anunciou nas redes sociais que tomou “por conta própria” duas doses de vacinas diferentes contra a Covid-19.
Um vídeo foi publicado na segunda-feira (15) pelo médico, que admitiu ter tomado uma dose da Coronavac, e menos de uma semana depois, outra dose da vacina Oxford/AstraZeneca.
O vídeo foi apagado nesta terça-feira (16), no entanto, o site Assiscity conseguiu acesso ao conteúdo e cedeu as imagens ao Marília Notícia.
O procedimento é contrário aos protocolos de vacinação estabelecidos pelo Ministério da Saúde e o próprio médico admite o fato no vídeo.
“Veja bem, lembra que eu falei para vocês que eu tomei duas vacinas? Eu tomei da Coronavac e, por minha conta, eu tomei a da AstraZeneca. Isso não pode, tá bom? Isso não pode”, diz o médico.
“Estatística de que 49% da Coronavac seria eficiente contra os vírus, então eu tomei. O Governo deu e mandou e quem tem juízo obedece. Quem pode manda, quem tem juízo obedece, então eu tomei. Porém a nossa Unimed conseguiu a AstraZeneca, que até o momento parece ser a melhor vacina. Agora tem a da Johnson e Johnson, que parece ser melhor, mais efetiva, dose única com quase 100% de efetividade. Eu tomei a da AstraZeneca também com seis dias de diferença”, justifica o médico.
Em nota, a Prefeitura de Assis afirmou que “a Secretaria Municipal de Saúde segue rigorosamente todos os protocolos de imunização estabelecidos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacina Contra a Covid-19 publicado pelo Ministério da Saúde e o Informe Técnico de Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19, emitido pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.”
“No que diz respeito ao médico Oliveiro Pereira da Silva Alexandre, ele não é servidor Municipal, mas sim servidor estadual no Hospital Regional de Assis e cooperado na Unimed – Assis-SP. No entanto, o Departamento Jurídico da Prefeitura está realizando as diligências necessárias para responsabilizar, dentro de sua competência, a conduta do médico”, informa o comunicado.
O informe finaliza dizendo que “o ocorrido já foi informado à Secretaria Estadual de Saúde para as providências devidas. A vacinação da Covid-19 é pública e deve ser tratada como tal. Assim sendo, o Ministério Público Estadual já instaurou Inquérito Civil para apurar, em tese, as infrações penais cabíveis e improbidade administrativa.”.
Após toda a repercussão do caso, o médico postou um novo vídeo em sua rede social na noite desta terça-feira (16).
“Eu quero fazer um esclarecimento a vocês do que saiu na imprensa hoje e que machucou muito”, iniciou o médico.
“Eu não fiz nada errado, nada escondido, eu somente falei naquela live que eu fiz no Youtube que eu tinha tomado a vacina da Coronavac no Hospital Regional e depois tomei a outra vacina, outra dose, da AstraZeneca. Gente, eu fui demonizado por isso. Pintaram um quadro como se eu quisesse tomar todas as vacinas do mundo e que o resto do mundo se danasse. As pessoas reagiram com tanta violência. Eu fiquei perplexo”, afirmou o médico.
Oliveiro se defendeu argumentando que poderia “trocar a outra dose da Coronavac pela AstraZeneca, então foi esse meu raciocínio lógico.”
“Eu vou lá tomo da AstraZeneca, é dose única, já estou na linha de frente mesmo, estou protegido, e a última dose da Coronavac eu não tomaria, ficaria à disposição para outro cidadão”, disse.
Vale lembrar que a vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca também é aplicada em duas doses e não somente em uma como afirma o médico.