Regulamentação na Fumes provocou perda salarial, diz médica
A médica Maria Isabel Gonçalves, que atua no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema) desabafou nas redes sociais com uma denúncia de perdas salariais após regulamentação de cargos.
No mês passado a Câmara de Marília aprovou o projeto do Executivo que regulamentou 1,1 mil cargos na Fundação Municipal de Ensino Superior (Fumes).
“Temos obrigações legais, temos família para sustentar, temos impostos para pagar e um acordo entre a Prefeitura e a Fumes aplaudido por muitos será um prejuízo enorme a nós e aos funcionários”, afirmou a médica que trabalha há quase 30 anos da Famema.
“De um mês ao outro, um salário que era há mais de 20 anos de um jeito será cortado sem justificativas. Pois tem que se enquadrar a que? Ao salário da Prefeitura? Somos os bandidos da praça?”, questiona a profissional da Saúde.
Ela completa afirmando que “um médico da Prefeitura ganha três vezes mais que um docente da Famema e mesmo tendo título de doutor o salário não passa perto da Prefeitura”.
A reportagem tentou falar com a médica para obter detalhes sobre o tamanho da perda salarial, mas não houve retorno.
Quando enviou o projeto de regulamentação para a Câmara, o prefeito Daniel Alonso (PSDB) disse que a “legalização” iria dar “condições de avançar na estruturação dos convênios, garantindo o repasse dos cursos e o trabalho de toda essa equipe”.
O objetivo, segundo anunciado, era evitar a interrupção dos serviços prestados pela Faculdade de Medicina de Marília.
A proposta, segundo a Prefeitura na ocasião, foi resultado de um amplo estudo jurídico e administrativo, elaborado pelo Executivo em parceria com a própria Fumes.
A promessa era de que não haveria prejuízo aos serviços realizados. No entanto, vereadores de oposição já alertavam sobre o risco de perdas salariais.
Embora os trabalhadores sejam remunerados com recursos estaduais, é na estrutura administrativa do município que foi criada em 1966 que fica a Fundação mantenedora da Famema.
Por isso, os recursos para o pagamento dos salários sempre passaram pela Prefeitura. O problema é que o sistema de contratação da época e das décadas seguintes estaria desatualizado diante da legislação atual, segundo o município informou.
O texto aprovado daria amparo legal à manutenção dos 1,1 mil empregos atuais, prevendo que sejam extintos gradativamente, conforme fiquem vagos (a pedido do próprio trabalhador ou aposentadoria).
A expectativa é de que a composição do quadro – com novos servidores – passe a ser feita pelo próprio Governo do Estado, através das autarquias Famema e o HC/Famema, que responde pelo “braço assistencial” na área da saúde e oferece atendimento médico e de multiespecialidades à população.