Mariliense vai a Lisboa trabalhar como cuidadora e fica isolada
A técnica de enfermagem mariliense Letícia Almeida, de 30 anos, que chegou a Portugal para trabalhar em fevereiro desse ano, está há 15 dias de quarentena, isolada em um hotel. Ela foi contratada como cuidadora de um idoso em Torres Vedras, nos arredores de Lisboa, mas acabou dispensada do serviço devido a pandemia do novo coronavírus.
Letícia é formada na escola técnica estadual “Monsenhor Antônio Magliano”, em Garça. Ela deixou o emprego na Santa Casa de Misericórdia de Marília para tentar a vida no velho continente. Recebeu uma oferta de trabalho como cuidadora.
“Minha intenção é trabalhar em um hospital, na minha área. Mas preciso adequar minha formação, porque em Portugal é diferente, eles não têm a carreira de técnico de enfermagem. O plano era trabalhar e estudar, mas por causa da Covid-19 tive que parar tudo”, relata.
Ela conta que os idosos ficaram preocupados com a nova doença e optaram pelo isolamento radical. “Ele é um senhor bastante idoso e acamado. Então, por segurança, a esposa é que está cuidando”, conta a mariliense.
Letícia diz ainda que há assistência social para desempregados e estrangeiros que chegaram a Lisboa para trabalhar. “Mudei para cá (de Torres Vedras para Lisboa) no início da quarentena. Tem muitas pessoas em hotéis, recebendo alimentação, não falta nada, mas não temos nenhuma liberdade”, conta.
Sair de casa, apenas para ir ao supermercado ou farmácia. “A gente está sendo orientado a fazer uma lista do que vai comprar. Se você for abordado pela polícia e falar que vai fazer compras, eles pedem a lista. Se você sair sem motivo, a multa varia de 300 € a 3.000 €”, afirma Letícia.
Ela conta que está preocupada com o pai em Marília, que é idoso. Preocupa-se também com o futuro, por não saber se terá trabalho após a pandemia, mas está disponível caso o governo português efetive proposta de convocar todas as pessoas que tem experiência na área da saúde, para ajudar a conter a Covid-19.
“Como muitos profissionais de saúde adoeceram, estão convocando médicos enfermeiros aposentados. Também estão falando em chamar pessoas que tem diploma não reconhecido no país, mas têm experiência. Medo a gente tem, mas se chamar eu vou”, garante a mariliense.