Mariliense gasta quase 40% a mais do volume de água que precisa
A média diária de consumo de água da população municipal, com base em números do Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem), está quase 40% acima do volume necessário para atividades essenciais. Cada morador utiliza, em média, 181 litros do líquido por dia.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 110 litros já seriam suficientes para as necessidades básicas de uma pessoa. Se a cidade fizesse o uso racional nessa proporção, a água economizada poderia ser suficiente para abastecer mais 94,7 mil pessoas, além dos marilienses.
Isso representaria, por exemplo, abastecer também – em atividades essenciais – as vizinhas Garça, Pompeia, Vera Cruz, Oriente, Ocauçu e Guaimbê.
Os cálculos têm como base a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2019, quando o Daem entregou à população, incluindo consumidores residenciais, comerciais e industriais, um total de 15,7 milhões de m³ de água.
Cada metro cúbico equivale a mil litros, ou seja, no ano, o mariliense gasta em média 65,4 mil litros de água (5,45 mil por mês). É bem mais que os 3,3 mil parametrizados pela ONU para as atividades essenciais.
O engenheiro João Augusto de Oliveira Filho, do Daem, pondera que o consumo básico que a entidade internacional parametrizou teria como base a sobrevivência. “Temos que pensar que a maioria das pessoas não tem caixa acoplada econômica, acaba lavando áreas calçadas no quintal, que têm plantas, jardim”, diz.
Segundo Filho, quanto maior o poder aquisitivo – na realidade brasileira – maior tende a ser o consumo de água. “A pessoa tem mais área para limpeza, possui itens de conforto que acabam gerando uma utilização que as pessoas mais simples não têm”, explica.
O engenheiro contesta cálculos per capita, em relação à distribuição de água. “Temos muitos consumidores industriais e comerciais que não fazem uso como o cliente doméstico. Para sabermos qual é a média de gasto dos moradores, teríamos que isolar o número gasto apenas nas casas”, relativiza.
Marília é abastecida, basicamente, por três sistemas: Peixe, Cascata e sistema exclusivo de poços profundos. Cada um alimenta um grupo de reservatórios. Juntos, eles têm uma vazão de 3.630 m³ por hora.
O sistema de poços é o maior, com 1.630 m³ a cada hora – Aquífero Guarani, Serra Geral e Bauru. A Cascata, onde há captação superficial – mas o principal volume é captado de forma subterrânea -, oferece 400 m³ por hora à cidade.
O mais antigo é o sistema Peixe, que oferta 1.600 m³ por hora, com captação superficial do Rio do Peixe e Córrego Arrependido, além de uma fonte subterrânea. Sozinho, o sistema disponibiliza 39% da água que o município necessita.