Mariliense cumpre missão como Papai Noel há mais de 20 anos
Uma hipotética lista sobre as principais tradições natalinas de Marília só poderia estar completa com a inclusão do nome do comerciante Fabiano Benedito Daquino, de 54 anos, que há mais de duas décadas encarna o Papai Noel, atividade pela qual é totalmente apaixonado.
Em entrevista ao Marília Notícia ele contou um pouco de sua história e se emocionou mais de uma vez ao relembrar algumas de suas experiências inusitadas como o bom velhinho. Para Fabiano, não se trata de um emprego qualquer em que ele bate cartão, cumpre o horário e vai embora.
“É uma missão levar o espírito natalino, uma mensagem de amor, fazer a alegria das crianças, e dos adultos também, lembrar o nascimento do menino Jesus”, relata aquele que provavelmente é o Papai Noel mais famoso da cidade.
As publicações que ele faz nas redes sociais – inclusive nas mais modernas, como o Tik Tok – alcançam mais de 50 mil visualizações. Sua atividade é tão prestigiada que em 2018 chegou a receber homenagem intitulada votos de congratulações da Câmara de Marília.
Quando tinha cerca de 30 anos Fabiano foi convidado a vestir a roupa vermelha pela primeira vez. Desde então, não parou mais e foi se aperfeiçoando. Ele se destaca pela forma como incorpora o personagem e a preocupação com cada detalhe do figurino.
Seu capricho é tanto que participou por anos da tão esperada Caravana Iluminada da Coca-Cola, além de ter integrado ações de Natal em dezenas de cidades. O bom velhinho de Marília é um grande estudioso do personagem que interpreta.
“Eu conto para as crianças que moro na Lapônia, perto do Polo Norte, onde tem muita neve. Falo sobre minhas renas e meu trenó. Faço toda uma contextualização. Hoje elas podem até mesmo pesquisar na internet e ver minha casa por lá”, conta Fabiano utilizando seu eu lírico – que ele diz estar “enraizado”.
São muitas as anedotas que Fabiano coleciona de sua atuação como Papai Noel, inclusive histórias comoventes, e algumas vezes até mesmo tristes, mas a grande maioria envolve episódios divertidos permeados por sorrisos.
“Nos últimos dias me deparei com um menino de 12 anos que se emocionou muito. Eu já o conhecia. A última vez que o vi, em 2019, nós tiramos uma foto junto com o pai dele, que infelizmente faleceu recentemente”, relata.
Há também casos de crianças muito carentes que sensibilizam profundamente o Papai Noel. “Há algum tempo uma menina muito pobrezinha veio me visitar e disse que queria uma boneca considerada um pouco cara. Sua família não tinha condições, mas ela merecia muito”.
Tocado pelo sonho da criança, Fabiano mobilizou lojistas que deram a tão esperada Barbie. “Acabamos criando uma conexão muito forte com as crianças. Outro dia eu disse que era para uma delas deixar bolachas e uma xícara de leite na noite de Natal, em troca do presente. Ela tinha intolerância à lactose e me perguntou se eu também não teria esse problema”, fala.
Uma situação frequente no cotidiano de Fabiano é a troca de presentes por chupetas. “Eu muitas vezes pergunto se a criança ainda chupa chupeta e faço um trato com ela, que deve deixar o objeto dentro de uma caixinha na véspera de Natal. E funciona. A cada dez, cinco deixam de chupar”.
E não são apenas os pequenos que Fabiano alegra como Papai Noel. Muitos adultos, e até mesmo idosos, ficam com os olhos brilhando quando se deparam com ele. Alguns, sem jeito, são incentivados a pedirem aquilo que querem: quase sempre uma foto.
“Teve casal que veio tirar foto comigo, eram os últimos da fila e vi que eles conversavam muito. Eles me disseram que eram apenas amigos e eu respondi que eles tinham muita afinidade, deveriam namorar. No ano seguinte, eles retornaram como namorados e eu sugeri que eles noivassem. No outro ano, eles voltaram mais uma vez, dizendo que se casariam e, mais um ano após, eles voltaram para me ver, já casados. E eu disse que dali 12 meses gostaria de ver eles com um bebê, e assim aconteceu. Ganhei deles um presente a cada ano” relembra Papai Noel emocionado, com o olhos cheios de lágrimas.