Marília tem disputa pelo controle do diretório municipal do PSL
Atualmente o Partido Social Liberal (PSL), que elegeu o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas últimas eleições, não possui um diretório municipal ativo em Marília e o controle da legenda está em disputa.
Não é difícil entender tanto interesse no comando da sigla em nível local. Além de ser o partido no poder no Executivo nacional, em Marília o campeão de votos foi do PSL.
Jair Bolsonaro levou mais de 81 mil votos marilienses, com 66,7% dos votos válidos na cidade.
A informação sobre inexistência de uma diretoria formal na cidade foi fornecida pelo Fórum da Justiça Eleitoral do município nesta segunda-feira (13).
No último sábado (11) a nomeação de Eduardo Negrão, que é filiado ao partido, para um cargo no governo municipal levantou polêmica.
Eduardo afirmou que sua nomeação “não significa apoio formal do PSL ao governo Daniel”, mas disse que trabalharia para uma “aproximação”.
De acordo com Negrão, em meados do ano passado o então presidente do PSL em âmbito estadual, senador Major Olímpio, declarou publicamente que o nomearia para o comando da legenda em Marília.
Contestações
Marcos Farto, que foi candidato a deputado estadual pelo PSL em Marília em 2018 e recebeu mais 7,6 mil votos na cidade e mais de 11 mil votos ao todo, contesta tal informação e afirma que Negrão nunca teria ocupado tal cargo.
Um documento enviado por Farto ao site com data de 27 de março revela que o partido está suspenso na cidade por falta de prestação de contas.
O presidente do diretório municipal apontado como inativo, mas com exercício entre agosto de 2017 e novembro do ano passado, é Adeilton Alves da Silva. Mas o telefone disponível no documento está fora do ar.
A reportagem não conseguiu falar com Adeilton e Farto alega que também não consegue contato com ele desde o fim das eleições, apenas teria ficado sabendo da falta de prestação de contas e tem tomado providências para regularizar situação da legenda na cidade.
A reportagem apurou que tramitam procedimentos na Justiça Eleitoral nesse sentido, mas ainda não há nada definido.
De acordo com Farto, o objetivo é que em breve seja nomeada uma diretoria provisória até uma convenção para escolha definitiva dos nomes.
Curiosamente o nome de Farto não aparece na lista de filiados do PSL, mas ele afirma que os dados do Tribunal Superior Eleitoral estão desatualizados. “Senão nem poderia ter sido candidato”, alegou.
Assessores do atual presidente do PSL São Paulo, Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, afirmaram ao site que nem mesmo a diretoria estadual está completamente formada. Até julho, a situação já deve estar resolvida, inclusive nos municípios.
Até então as nomeações para as presidências dos diretórios locais eram feitas com base nas proximidades dos dirigentes estaduais com lideranças locais. A nova forma de nomeação também será revista.
Major Olímpio deixou a presidência do partido alegando dificuldade para cuidar de seu mandato no Senado e também das responsabilidade do PSL em São Paulo. Uma das queixas era justamente a intensa disputa existente em várias cidades.
Acusações
Para complicar ainda mais a situação local do partido, o advogado Rabih Nemer, que se já se envolveu em diversas polêmicas, faz acusações graves contra Negrão, que nega irregularidades.
Negrão também afirma que Rabih deseja ser o presidente do PSL Marília, mas isso “nunca vai acontecer”.
Rabih é ex-filiado ao PSL e conseguiu que o Ministério Público determinasse uma abertura de inquérito policial contra Negrão por suposta conduta de estelionato e paralelamente corre uma ação de danos morais.
O advogado afirma que durante o período eleitoral foi procurado por Negrão se dizendo presidente do PSL em Marília em busca de captação de recursos para vinda de nomes famosos do partido até a cidade e financiamento da campanha de Farto.
Uma doação no valor de R$ 1,5 mil teria sido feita por Rabih, mas supostamente utilizada para pagamento de dívidas de Negrão. Seriam dois cheques de R$ 500 e mais R$ 500 em espécie.
Negrão, por outro lado, afirma que as acusações se tratam de “mentira deslavada”. De acordo com ele, “era de conhecimento público que não haveria doações em espécie” e que “todas as doações foram feitas por boletos ou cartão de crédito”.
O que teria ocorrido seria um empréstimo de R$ 1 mil em dois cheques de R$ 500. Apenas um deles teria sido descontado e como pagamento Negrão afirma ter dado R$ 1,2 mil de volta para Rabih.