Números da leishmaniose assustam em Marília
Marília já registrou, somente em 2017, oito pessoas com resultado positivo para o exame de leishmaniose visceral. A situação é preocupante, já que em todo o ano passado foram 10 casos – o que significou o dobro de todos os registros históricos.
A informação foi confirmada ao Marília Notícia pela Secretaria Municipal de Saúde na manhã desta sexta-feira (12).
No começo do ano, o MN divulgou com exclusividade que comunicado interno da Vigilância Epidemiológica de Marília alerta para a mudança da classificação do município de “transmissão esporádica” para “transmissão intensa”.
A cidade apresenta contaminação em humanos desde 2011, quando foi registrado um caso de leishmaniose visceral. Em 2014 foram outras duas ocorrências e em 2015 mais uma. Em 2016, começou a “explosão” de casos vivida atualmente.
“Desde o início do mês de fevereiro, a Divisão de Zoonoses vem concentrando seus esforços nas áreas de abrangência das USF Jânio Quadros, JK e Aniz Badra, região considerada prioritária”, afirma nota enviada pela Saúde. Só na área citada são dois casos de pessoas contaminadas em 2017.
Em janeiro, a informação era de que partes de alguns desses bairros, como o Jânio Quadros, quase metade dos cães – que servem de “reservatório” da doença antes da contaminação em humanos – estava doente.
Agora, a Saúde afirma que até o final do mês de abril foram coletadas 719 amostras de sangue canino, o que corresponde a menos de 25% da população dos animais no local. O percentual do bichos doentes, porém, não foi informado.
“A Secretaria Municipal de Saúde de Marília vem desenvolvendo ações para o controle da Leishmaniose Visceral, visando interromper a transmissão da doença em cães, diagnosticar e tratar oportunamente eventuais casos humanos e promover as alterações ambientais, necessárias ao controle do vetor”, diz a nota do poder público.
O trabalho consiste na visita casa por casa com a finalidade de cadastrar todos os caninos, coletar amostras de sangue para realização da prova sorológica de triagem, avaliar as condições de risco dos imóveis, realizar a busca ativa de sintomas em humanos e prestar orientação à população.
“A Divisão de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde avalia que a cobertura casa a casa, ante a importância do controle da Leishmaniose, ainda é baixa. Atribui-se esse resultado a diversos fatores, sendo o principal deles o grande número de imóveis fechados, uma vez que trata-se de uma população economicamente ativa, permanecendo em local de trabalho durante a maior parte do dia, inclusive aos sábados. Em função disso, ações de divulgação junto à comunidade estão sendo intensificadas”, explica a Prefeitura.
Dados da Vigilância Epidemiológica mostram que duas mortes por causa da doença foram registradas nos últimos anos: uma pessoa de 81 anos no dia 21 de novembro do ano passado e outra pessoa de 44 anos em outubro de 2014.
A reportagem não obteve detalhes sobre possíveis mortes pela doença em 2017.
Vale lembrar que o mosquito-palha, que transmite a doença dos cães para os humanos e entre os próprios cachorros, coloca seus ovos em restos de alimentos orgânicos e fezes de animais, locais onde a larva se desenvolve.