Marília está preparada para mudanças do clima, diz USP
Marília é uma cidade preparada para lidar com as mudanças climáticas. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), que analisou a capacidade dos municípios paulistas de se adaptarem aos efeitos – presentes e futuros – das alterações do clima.
O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, em colaboração com autores de outras instituições. Foram consideradas cinco dimensões de políticas públicas: habitação, mobilidade urbana, agricultura sustentável, gestão ambiental e resposta a impactos climáticos.
Os municípios, conforme a pontuação, foram posicionados em cinco faixas. Marília ficou na quarta melhor faixa, com índice entre 0,6 a 0,8 em uma escala que vai de zero a um.
Todos os 645 municípios do Estado de São Paulo foram avaliados pela presença ou ausência de políticas e serviços públicos municipais relacionados a estes temas.
O resultado apontou que dois terços (66%) das cidades paulistas têm baixa capacidade de adaptação. Todas as localidades em um raio de 100 quilômetros de Marília estão nessa condição.
Na outra ponta, dez municípios (1,5% do total) receberam nota perto de 1, ou seja, “classificação máxima do índice”. Os mais próximos a Marília são Bauru (distante 110 quilômetros) e Botucatu (distante 170 quilômetros).
Os pesquisadores analisaram que, felizmente, os municípios mais bem avaliados são justamente os mais populosos do Estado, incluindo a Capital, Campinas e várias de suas cidades vizinhas.
MARÍLIA EM EIXOS
Nos mapas da habitação, mobilidade e agricultura sustentável, Marília aparece com os melhores desempenhos, com notas entre 0,6 e 0,8. No item resposta aos impactos climáticos, a nota fica entre 0,4 e 0,6 e, no quesito gestão ambiental – o pior indicador -, na faixa entre 0,2 e 0,4.
As informações usadas na avaliação foram obtidas em bases de dados públicos, como o Perfil dos Municípios Brasileiros e o Censo Agro, produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os indicadores considerados na análise estão a presença de planos municipais de habitação, políticas de saneamento básico e controle de poluição, políticas de mobilidade urbana e de incentivo ao uso de bicicletas, leis de proteção ambiental e da biodiversidade.
“O índice busca qualificar um pouco melhor o debate sobre adaptação às mudanças climáticas no nível municipal”, diz a pesquisadora Gabriela Di Giulio, professora do Departamento de Saúde Ambiental da FSP, que liderou a pesquisa no âmbito do projeto CiAdapta – Cidades, Vulnerabilidade e Mudanças Climáticas.
O estudo verificou, por exemplo, a existência de Conselho Municipal de Habitação para orientar, de forma participativa, a ocupação dos territórios. É o caso de Marília, que conta com o dispositivo de participação popular.
O levantamento da USP é importante, principalmente, porque as projeções para o Sudeste brasileiro preveem aumento da ocorrência de extremos climáticos nos próximos anos e décadas, principalmente relacionados às chuvas, com maior ocorrência de tempestades, o que aumenta significativamente o risco de enchentes e deslizamentos.
Vale ressaltar que o levantamento da USP não apura dados de vulnerabilidade socioclimática, que demonstraria não só a capacidade de resposta, mas o tamanho do risco a que cada município está exposto.
Esse cruzamento de informação, que resultará em um mapeamento mais completo, é uma das metas dos pesquisadores.