Marília entra na “lista vermelha” do crack
O crack não para de avançar por São Paulo. Dos 645 municípios do Estado, pelo menos 558, incluindo a capital, enfrentam problemas relacionados à droga, conforme mapeamento do Observatório do Crack, da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Em 193 cidades do interior, o nível desses problemas é muito alto, segundo o ranking, atualizado em tempo real com informações de prefeituras. Em outras 259, o alerta é médio; e, em 105, baixo.
Apenas 20 cidades disseram não ter problemas com o crack. Outras 67 não responderam oficialmente o levantamento (mais informações abaixo).
De 608 municípios paulistas ouvidos este mês (incluindo dados parciais), 92% afirmaram enfrentar problemas com a circulação de drogas, enquanto 95% confirmaram problemas com o consumo delas. As prefeituras informaram ainda que as principais áreas afetadas são Saúde (67,1%), Assistência Social (57,5%) e Segurança (49,1%).
O Observatório do Crack inclui grandes cidades do interior na “lista vermelha” da droga, entre elas Marília, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Bauru [veja o mapa aqui].
O avanço das drogas pelo interior não teve melhora com o passar do tempo, segundo Eduardo Stranz, consultor da CNM. E a droga continua avançando em municípios menores como Campos Novos Paulista, Vera Cruz, Pompeia, Echaporã e Garça, todos na região de Marília.
Segundo ele, o fato de a maioria dos municípios responder espontaneamente ao questionário indica a gravidade do problema. “São prefeituras que têm a coragem de se expor porque é algo que afeta muito a população. É como um grito de socorro”, disse.
Apesar disso, praticamente nada mudou na política de governo. “Não houve investimento e o recurso que estava previsto em alguns programas sofreu contingenciamento.”, diz Stranz.
Número de usuários
Procurada, a Secretaria da Saúde do Estado informou ter ampliado em seis vezes o número de vagas para dependentes químicos, de 500 em 2011 para 3,3 mil atualmente, em serviços próprios ou conveniados.
Desse total, 2 mil vagas, ou 60%, estão no interior (integralmente custeadas pelo Estado). O encaminhamento é feito pelos municípios. A pasta destacou que a internação só é indicada para casos graves.
O Estado ainda mantém o Serviço de Atenção e Referência em Álcool e Drogas (Sarad) em Botucatu, onde foram realizados 13 mil atendimentos desde 2014. Das cerca de 2 mil internações na unidade, 77% aconteceram de forma voluntária, 13% involuntária e 10% compulsória.
O Observatório trabalha agora em uma nova metodologia para estimar a população envolvida com o crack no Estado, já que não há dados precisos. A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad) estima o usuário regular em 0,5% da população – o equivalente a cerca de 164 mil pessoas no Estado, desconsiderando a capital.
O Marília Notícia irá divulgar ainda esta semana material exclusivo e especial em relação aos problemas do crack em nossa cidade.