Marília é alvo de operação contra desvio de dinheiro público da Cohab Bauru
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Polícia Federal e da Polícia Militar, deflagrou a Operação João de Barro, nesta terça-feira (17), que tem por objeto a apuração de crime de desvio de dinheiro público da Companhia de Habitação Popular (Cohab) de Bauru (distante 110 quilômetros de Marília), além dos crimes de constituição e participação em organização criminosa, lavagem de capitais e outros.
Os mandados de busca estão sendo cumpridos em 14 endereços, distribuídos nas cidades de Bauru (10), Marília (02), Arealva (01) e Brasília (01), e referem-se à residência de representantes da Cohab Bauru, sede da companhia e também nos endereços das construtoras e seus sócios ou representantes.
A investigação teve origem a partir de representação recebida em outubro do ano passado, após análise prévia, deu origem ao Procedimento Investigatório Criminal.
No curso da investigação foram analisados quatro acordos firmados pela Cohab de Bauru junto a construtoras no âmbito de processos judiciais, além de uma análise inicial do patrimônio dos investigados relacionados à companhia.
A análise desses acordos permitiu constatar diversas posturas suspeitas e prejudiciais à companhia, que ao se repetirem demonstraram não se tratar de equívoco isolado, mas de um padrão de atuação.
Dentre essas posturas, destaca-se, sem caráter exaustivo, as seguintes: dação de imóvel milionário em quitação de uma dívida que representava em torno de 10% do valor do bem; realização de acordos à revelia dos patronos contratados para a causa; pagamentos antecipados, antes mesmo da formalização de acordos, e sem comunicação do Juízo; omissão deliberada na compensação da dívida que duas dessas construtoras tinham com a Cohab.
Tais posturas administrativas se deram diante de um cenário econômico totalmente adverso para a Cohab de Bauru, cujos prejuízos acumulados e passivo descoberto crescem em larga escala anualmente, a ponto de haver contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas.
Não bastasse, os auditores independentes, responsáveis pela análise dos relatórios anuais da administração, também apontaram, reiteradamente, dúvidas significativas quanto à capacidade de continuidade operacional da Companhia.
Diante desse cenário, com vistas a apreensão de aparelhos celulares, computadores, documentos e outros objetos que possam servir de prova ao objeto da investigação, foi postulado e deferido o cumprimento de buscas domiciliares pela 4ª Vara Criminal de Bauru.
Participam do cumprimento em curso sete Promotores de Justiça, oito servidores do Ministério Público, quatro agentes da Policiais Federais e 42 Policiais Militares, distribuídos em quatro viaturas do Ministério Público, duas viaturas da Polícia Federal e 13 viaturas da Polícia Militar.