Marília deixa de registrar 57 espécies de pássaros, aponta estudo
Ao longo das últimas décadas, aparentemente, as Unidades de Proteção Integral (UPI) de Marília e de outras cidades do interior de São Paulo têm perdido aves que anteriormente eram encontradas na região. Hoje, portanto, a extensa diversidade de aves pode já não fazer mais parte da avifauna silvestre local.
O estudo publicado na Revista do Instituto Florestal indica que antes, em quatro unidades de conservação, tinham sido mapeadas 358 espécies. Agora, no entanto, o número encontrado entre o final de 2021 e início de 2022 teria sido de apenas 278 espécies. Em Marília, 57 delas não teriam sido encontradas.
O levantamento, que sugere que algumas espécies podem estar desaparecendo das paisagens do interior paulista, tem o objetivo de realizar inventários ornitológicos rápidos nas quatro UPIs do interior do Estado de São Paulo, para caracterizar as avifaunas e divulgar as áreas protegidas, a fim de incentivar futuras pesquisas científicas.
Foram visitadas UPI localizadas nos municípios de Marília, Andradina, Paulo de Faria e São Simão, sendo utilizadas listas de dez espécies, conduzidas durante até três dias em cada localidade, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022.
De acordo com o pesquisador Vagner Cavarzere, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, a interpretação deve ser um pouco cautelosa, pois não se trata de perda de espécies com certeza absoluta, já que o esforço amostral não foi muito elevado. No entanto, algumas espécies florestais que são de fácil detecção não foram registradas recentemente.
“Isto é um indicativo de que podem ocorrer em abundâncias muito baixas ou até que tenham desaparecido. Como exemplo, menciono a juruva (Baryphthengus ruficapillus) e o miudinho (Myiornis auricularis). Estas espécies ocorrem apenas dentro de florestas e são endêmicas (exclusivas) da mata atlântica”, explica o pesquisador.
No total, os pesquisadores não registraram 57 espécies que antes estavam com cadastro dentro da Estação Ecológica de Marília. Isso, contudo, não significa que elas desapareceram, mas que elas não foram observadas durante o estudo.
“Podem ser espécies raras ou de detecção mais difícil, ou seja, que demandam mais estudos no local. Assim, o significado mais relevante para Marília é que a Estação Ecológica ainda é pouco estudada e que não conhecemos bem a comunidade de aves local, o que aponta para a necessidade de mais e mais frequentes estudos sobre as suas aves”, justifica Cavarzere.
A Estação Ecológica de Marília foi previamente inventariada, com registro de 143 espécies. Em dez listas, os pesquisadores registraram 102 espécies, sendo 16 exclusivas e 86 comuns. Dentre as exclusivas, uma endêmica do cerrado e outras duas espécies da mata atlântica. Uma espécie vulnerável também foi registrada.