Marília ainda convive com falta d’água quase 120 dias após concessão
Após mais de quatro décadas sob a gestão pública do extinto Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem), o saneamento básico da cidade foi concedido à iniciativa privada em setembro de 2024. O consórcio de empresas RIC Ambiental assumiu o serviço com a promessa de melhorias rápidas, mas, passados quase 120 dias, os problemas no abastecimento de água continuam recorrentes e a insatisfação popular parece só aumentar.
Logo ao assumir, a RIC Ambiental prometeu uma melhora significativa na distribuição de água após um período de transição de 60 dias. O prazo expirou sem que as soluções estruturais fossem entregues, deixando os moradores à mercê de problemas recorrentes no abastecimento e manutenções emergenciais.
No lugar das melhorias, os marilienses enfrentam uma série de interrupções no fornecimento de água, agravadas por falhas técnicas, rompimentos de tubulações e até furtos de cabos elétricos. A empresa justificou os problemas com comunicados frequentes, mas as soluções foram apenas paliativas.
Falta de água constante
Entre os casos mais recentes está a pane elétrica no reservatório do Jardim Maracá, na zona norte, ocorrida no domingo (5). A falha deixou moradores sem água em meio ao forte calor. No mesmo dia, a RIC Ambiental emitiu dois comunicados alegando problemas técnicos e garantindo que os reparos estavam sendo realizados.
Casos semelhantes ocorreram em bairros como Marina Moretti, onde furtos de cabos elétricos paralisaram o abastecimento em dezembro. Em resposta, a concessionária anunciou a troca dos cabos de cobre por alumínio, para desencorajar novos furtos.
Bairros da zona sul, como Jóquei, Vila Hípica, Jardim Planalto, Jardim Nacional, Esplanada, Parque São Jorge e Santa Paula, enfrentaram rompimentos de tubulações e baixa pressão, problemas relatados em comunicados da empresa ao longo de dezembro e janeiro.
Situações semelhantes ocorreram em diversos outros bairros da zona norte, incluindo o Palmital, Castelo Branco, Vila Barros, Silva Ribeiro, Lavínia, Distrito Industrial Santo Barion, Edson Jorge Júnior e Santa Antonieta.
Na zona oeste, os bairros Acapulco, Canaã, Flamingo, Universitário, São Miguel, Polon, Lorenzetti e Alto Cafezal também foram afetados. Já na zona leste, localidades como Maria Izabel, Jardim Tropical, Tangará, Banzato, Novo Horizonte e toda a região do Aeroporto registraram problemas. Até a região central sofreu com interrupções frequentes no abastecimento.
Aumento de tarifas e irregularidades contratuais
Além da constante falta de água na cidade, menos de um mês após assumir a concessão dos serviços de água e esgoto em Marília, a RIC Ambiental realizou um reajuste nas tarifas que violou as regras estabelecidas no contrato com a Prefeitura. O caso foi divulgado pelo Marília Notícia.
Embora os valores cobrados sejam menores do que os praticados pelo Daem, a redução não seguiu o percentual previsto. A tarifa mínima residencial, por exemplo, deveria cair para R$ 17,81, mas subiu para R$ 18,47, desrespeitando o prazo contratual que só permitia reajustes a partir de maio ou setembro de 2025.
Na época, a RIC pediu aprovação da Amae (Agência Municipal de Água e Esgoto), mas a Procuradoria-Geral deu parecer contrário, destacando falta de consulta pública e desrespeito ao prazo mínimo. Mesmo assim, a empresa manteve o reajuste, alegando estar dentro do contrato.
Projeções futuras e desconfiança popular
Apesar de prometer obras como a perfuração de novos poços, a empresa ainda não apresentou prazos concretos para essas melhorias.
Enquanto isso, os moradores de Marília seguem enfrentando problemas diários com o fornecimento de água.
Com mais de três décadas restantes na concessão, a RIC Ambiental já inicia sua trajetória sob forte desconfiança e pressão pública.
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