Manobra de PSDB e aliados impede CPI contra a Dersa
Assessores de parlamentares aliados ao governador João Doria (PSDB) fizeram fila na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) desde a sexta-feira, 15, dia da posse dos deputados, até a manhã desta segunda, 18, para protocolar pedidos de abertura de CPIs. O gesto foi visto na Assembleia como uma tentativa de evitar o protocolo de uma CPI para investigar irregularidades na Dersa e de seu ex-diretor Paulo Vieira de Souza, apontado como o operador do PSDB e da Odebrecht.
Apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente na Alesp e a estratégia dos assessores ao se revezar durante o fim de semana foi a de não permitir o protocolo daquela que investigaria Paulo Vieira de Souza e a Dersa. Na Alesp, as CPIs funcionam de acordo com a ordem em que foram protocoladas. As CPIs têm duração de 120 dias e podem ser prorrogadas por outros 60 dias.
A primeira CPI protocolada neste segunda foi do deputado Roberto Morais (PPS) e trata da barragem de Salto Grande, em Americana. A segunda, do proponente Bruno Ganem (Pode), trata da venda de animais por canis e pet shops.
Em terceiro na lista, a CPI para investigar irregularidades na Fundação para o Remédio Popular (Furp), protocolada pelo deputado Edmir Chedid (DEM). A quarta CPI, protocolada por Wellington Moura (PRB), trata da apuração sobre repasses de verbas para universidades públicas. Por fim, a CPI protocolada em quinto lugar apura irregularidades em serviços de prestação de táxi, proposta por Rogério Nogueira (DEM).
Elas precisam ser publicadas no Diário Oficial para que passem a funcionar, o que deve ocorrer na terça-feira, 19.
Na sexta, quando tomaram posse, os deputados elegeram Cauê Macris (PSDB) para presidir a Casa pelos próximos dois anos. Ele teve apoio de 21 partidos, incluindo PT e PSB, e somou 70 votos de 94 possíveis. A eleição de Cauê mantém uma hegemonia de praticamente 24 anos do PSDB na Assembleia – a exceção foi a vitória do atual vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) em 2005.
Entenda
A CPI da Dersa, se concretizada, será a primeira derrota para o Palácio dos Bandeirantes. Paulo Vieira, preso desde fevereiro, é ex-operador do PSDB e ex-diretor da estatal condenado a 145 anos de prisão pela Operação Lava Jato em São Paulo. Nesta quinta-feira, 14, ele foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Vieira é acusado de peculato, inserção de dados falsos e associação criminosa em ação de supostos desvios de R$ 7,7 mi nas obras do Rodoanel. O tucano Aloysio Nunes, nomeado por Doria para assumir a Investe SP, pediu demissão após buscas em seus imóveis, referente a cartão de crédito que Paulo Vieira havia emitido em seu nome em 2008.
Doria já encaminhou um projeto de lei para a Assembleia que prevê a extinção ou fusão de estatais, entre elas a Dersa, por causa dos sucessivos casos de corrupção, envolvendo, principalmente, a construção dos trechos Sul e Norte do Rodoanel.