Mães de Marília avaliam decisão sobre maconha como insuficiente
A autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da regulamentação do registro e da venda de medicamentos à base da maconha em farmácias e drogarias no Brasil não é o bastante.
Isso na opinião de duas mães marilienses que se tornaram ícones na luta pela maconha medicinal. Nesta terça-feira (3) a Anvisa também manteve a proibição do plantio para uso medicinal da planta, o que para elas se trata de um atraso.
A trabalhadora autônoma Cláudia Marin, 41 anos, e a enfermeira Nayara de Fátima Mazini Ferrari, 36 anos, conseguiram na Justiça autorização para importar sementes, plantar a cannabis e extrair o óleo que tem ajudado a melhorar a qualidade de vida de seus filhos.
Nayara é mãe de Letícia, de 6 anos, a Lelê, e Cláudia é mãe do Mateus de 10 anos. Na opinião delas a decisão da Anvisa vai beneficiar a indústria farmacêutica, mas deve manter o preço das medicações elevados.
Hoje a seringa com o óleo que os filhos delas utilizavam custa cerca de R$ 3 mil, é importada. Com a produção caseira o valor acaba sendo muito menor. Mateus, por exemplo, precisa de três seringas por semana.
“A regulamentação é um pequeno passo, no sentido de que vai amparar melhor os médicos para prescrever”, diz Nayara. “Mas vamos continuar como colônia, tendo que importar o extrato da cannabis para produção”.
Ela fala isso porque a importação ou plantio da planta continuará vedado. Na opinião de Cláudia, que assim como Nayara defende o plantio associativo para produção própria de medicamento, isso continua sendo um entrave para a maior parte das pessoas que precisam do tratamento.
“A vitória vai ser quando a gente tiver uma liberação mesmo, tanto individual quanto associativo. Isso vai trazer menor custo e as famílias vão conseguir produzir seu óleo”, comenta Cláudia.
Entenda
Os filhos delas nasceram com síndromes raras e já chegaram a sofrer dezenas de convulsões por dia.
Depois de conquistarem autorização da Anvisa para importação do medicamentos à base de maconha – em conjunto com outros tipos de terapia – os ataques convulsivos foram controlados.
As crianças passaram a ter muito mais qualidade de vida e apresentaram melhora na capacidade cognitiva, de comunicação e no sistema imunológico, por exemplo.
“Minha filha é outra criança antes e depois da cannabis medicinal. Antes ela estava sempre internada, eu não podia nem trabalhar”, conta Nayara. Com a redução das convulsões, a irritabilidade da menina também diminuiu muito, diz a mãe.