Lula discursa e diz que vai se entregar à Polícia Federal
Após muita expectativa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou, neste sábado (7), em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, após a missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia.
Coube ao pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PT e ex-prefeito de São Bernardo dos Campos, Luiz Marinho, anunciar Lula, que fala pela primeira vez em público desde que seu mandado de prisão foi expedido.
Lula cumprimentou os políticos que estão com ele sobre o carro de som, entre eles pré-candidatos à Presidência da República pelo PCdoB e PSOL, Manuela D’ávila e Guilherme Boulos, respectivamente, e Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, apontado entre os nomes que podem ser indicados pelo PT para concorrer à Presidência da República.
Lula dedicou especial atenção à Dilma Rousseff, a quem se disse “eternamente grato”. “Possivelmente uma das mais injustiçadas mulheres que ousaram um dia a fazer política nesse País”, disse.
Lula diz que vai se entregar à PF
Lula disse também que vai se entregar à Polícia Federal. “Eu vou cumprir o mandado (de prisão contra ele) e vocês vão ter que se transformar, cada um de vocês vai se chamar Chiquinha, Zezinho, e todos vocês vão virar Lula e vão andar por esse país e vão ter que saber.”
Lula está com a prisão decretada no caso tríplex do Guarujá desde quinta-feira, 5. Neste sábado, 7, ele deve se entregar à PF, após negociações. “Eu não estou escondido.”
“Quero chegar e falar para o delegado que estou à sua disposição e a história daqui a alguns dias vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, o juiz que me julgou e o Ministério Público que foi leviano comigo.”
“Vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de lá”, afirmou, na frase final, às 12h55. O discurso durou cerca de 55 minutos.
Lula desafia procuradores e ‘asseclas’ para debate sobre provas
Lula da Silva desafiou procuradores e ‘asseclas’, o juiz federal Sérgio Moro, e desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, para ‘um debate’ sobre as ‘provas’ que embasam investigações que levaram à sua condenação.
Do alto do carro de som, Lula disse que o Ministério Público e a Polícia Federal mentiram ao atribuírem a ele o tríplex no condomínio Solaris, pivô de sua sentença a 12 anos e um mês de prisão.
“Por isso que eu sou indignado. Porque eu fiz muita coisa nos meus 72 anos, mas eu não os perdoo por terem passado a sociedade para dizer que eu sou ladrão. Deram a primazia dos bandidos de fazer o ‘pixuleco’ no Brasil inteiro. Deram a primazia para os bandidos de chamar a gente de petralha.”
“O que eu não posso admitir é um procurador que fez um power point e foi para a TV dizer que o PT é uma organização criminosa que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula, por ser o mais importante do partido, é o chefe. O procurador disse ‘eu não preciso de provas, eu preciso de convicção’. Eu quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas e asseclas dele e não para mim. Certamente, um ladrão não estaria exigindo provas. Estaria de rabo preso, de boca fechada.”
Lula disse que ‘gostaria de fazer um debate com Moro sobre o que ele fez’. “Eu gostaria que ele me mostrasse alguma coisa de prova. Eu já desafiei os juízes do TRF-4 que eles fossem num debate na universidade que eles quiserem provar qual é o crime que eu cometi nesse país”.