Lu Santos indica obras escritas por mulheres negras
A Coluna Dicas da Semana desta sexta-feira (10) faz referência ao mês da mulher negra, julho. A professora, cientista social e assessora de Cultura da Secretaria da Cultura de Marília, Lu Santos, indica obras de três autoras ligada a este contexto.
“Mês de julho é o mês de homenagem às mulheres negras latino-caribenhas, portanto valorizar a leitura de escritoras negras é uma forma de dar visibilidade e combater o machismo e o racismo que as mulheres negras sofrem na estrutura da sociedade brasileira”, afirmou Lu.
O objetivo da coluna é apresentar um pouco do gosto e do interesse de marilienses notáveis. E os leitores também podem participar, fazendo suas próprias indicações.
A Dicas da Semana tem duas edições semanais, às quartas e sextas-feiras. São dicas sobre livros, filmes, séries, cervejas, vinhos, viagens e muito mais. Acompanhe!
Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada; livro escrito por Carolina de Jesus
Super indico a leitura de uma obra de 1960 sobre a história de uma mulher negra catadora de material reciclável moradora de uma favela em Canindé (região Norte de São Paulo). Considerada uma das maiores escritoras negras do país. Esta obra retrata realidade das periferias sob a ótica de uma mulher negra que, na minha opinião, traduz a desigualdade social e a luta por justiça de uma sobrevivente e resistente moradora de uma favela esquecida pelo Estado, pelos políticos. Mulher negra, mãe e favelada considera “quarto de despejo” a própria favela como abandonado pelo sistema, lugar onde jogam lixo, restos de comida que ninguém quer chegar perto, só quando chega às eleições! Ótima leitura, pois ela contextualiza a realidade política denunciando a fome e a miséria do povo.
Pequeno Manual Antirracista; escrito por Djamila Ribeiro
Esta é uma das mais recentes obras desta escritora brasileira e ex-secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo na gestão de Fernando Haddad. Filosofa, intelectual respeitada no meio acadêmico internacional, tem diversas obras de leitura acessível pra quem gosta das discussões etnoraciais, feminismo negro, racismo, enfim. Seguem algumas dicas de leitura das obras da escritora: “Quem tem medo do feminismo negro? “Lugar de fala”. Já “Pequeno Manual Antirracista ” trata de um tema que esta bem presente na sociedade brasileira. A autora e ativista negra fala de 11 lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo. Temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. A escritora é “cirúrgica” denunciando o sistema de opressão onde a mesma argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas tornando uma luta de todas e todos.
A liberdade é uma luta constante; escrito por Angela Davis
Quando falamos da luta das mulheres negras, nem tem como não lembrar deste ícone que é Ângela Davis. Figura símbolo da causa negra na década de 1960 nos EUA, Angela David, professora, marxista, filósofa, feminista, esteve à frente na liderança na luta contra segregação racial nos EUA, principal liderança do Panteras Negras, movimento negro norte americano que lutou na resistência na luta anti-racial na década de 1960. Em “A liberdade é uma luta constante” ela trata da internacionalização das lutas sociais em nosso tempo, onde articula discussões sobre feminismo, movimento negro, LGBTQ, transexualidade e a causa palestina. Outras de suas obras são “Mulheres. Raça e Classe”, “Mulheres, Cultura e Política”,”Estarão As Prisões Obsoletas? “