Justiça recebe nova denúncia contra ex-delegado da PF
A Justiça Federal recebeu mais uma denúncia do Ministério Público Federal em Marília contra o ex-delegado chefe da Polícia Federal Washington da Cunha Menezes. Desta vez, o ex-policial, que já foi condenado em outras ações de autoria do MPF em Marília, vai responder por falsidade ideológica, uso de documento falso e crime contra a Lei das Licitações.
Em dezembro de 2006, o então gerente de um posto de combustíveis da cidade emitiu uma nota fiscal no valor de R$ 7.622,75 sem que houvesse entrega do combustível faturado à Delegacia da Polícia Federal em Marília. Washington Menezes, por sua vez, na condição de delegado-chefe em Marília, atestou o recebimento do produto, confirmando a “falsa compra” para que o pagamento pudesse ser efetuado.
No episódio da nota fiscal, portanto, Washington e o gerente do posto “falsificaram e usaram documento particular que sabiam ser falso”, segundo o que consta na denúncia do MPF. Com a manobra, o pagamento pelo combustível era feito de forma antecipada à entrega da mercadoria, o que é vedado à administração pública, que só poderia efetuar o pagamento depois da entrega do combustível.
O ex-delegado da PF, portanto, recebeu e encaminhou para pagamento nota fiscal falsa, na qual inseriu declaração enganosa de que havia recebido o combustível faturado. Ficou comprovado ainda que Washington embolsou R$ 500 daquele montante.
A nova denúncia contra o ex-delegado Washington Menezes, feita em 29 de setembro e assinada pelos procuradores da República Célio Vieira da Silva, Svamer Adriano Cordeiro e Rubens José de Calasans Neto, foi recebida pela Justiça Federal no último dia 6 de outubro. A partir do recebimento, Washington Menezes passa efetivamente à condição de réu em mais uma ação penal. O gerente do posto na época também está respondendo judicialmente pelos crimes. O responsável pela ação penal é o juiz da 3ª Vara Federal de Marília, José Renato Rodrigues.
Outras sentenças
Washington da Cunha Menezes responde a diversas ações penais e de improbidade administrativa, algumas com sentenças condenatórias já mantidas pelo TRF da 3ª Região, crimes apontados durante a Operação Oeste. A operação teve início em novembro de 2005 e trouxe à tona a ligação de policiais federais e civis, advogados e empresários com quadrilhas que atuavam em diversas práticas criminosas, como peculato, estelionato, corrupção, violação de sigilo, grampo ilegal e extorsão mediante sequestro.
Washington Menezes foi demitido da PF em dezembro de 2009 “a bem do serviço público” após processo administrativo em que foi considerado culpado por obter vantagens em razão do cargo e por deixar de cumprir suas obrigações funcionais. O processo administrativo que resultou em sua demissão foi aberto em decorrência do caso “Verba de Combustível da PF”, em que Menezes desviou dinheiro público destinado ao pagamento de combustível para viaturas da PF em Marília.
Ele chegou inclusive a ser preso preventivamente em 2007. Ele foi acusado de ameaçar sacoleiros provenientes do Paraguai, exigir um empresário pagasse suas despesas de hospedagem em um hotel de Marília e receber dinheiro para atrasar oitivas de investigados, além de cometer vários atos de improbidade administrativa.
Em 2012, foi condenado a 8 anos de reclusão por envolvimento no episódio que ficou conhecido como “Caso do sumiço das joias”. Em 2001, acompanhado de mais três agentes da PF e com base em uma falsa denúncia anônima, o ex-delegado realizou uma diligência de busca e apreensão em uma fábrica de joias e se apropriou dos produtos apreendidos, joias em ouro avaliadas em de US$ 600 mil.
Fonte: G1