Justiça manda fazer nova reconstituição de morte em oficina
A Justiça de Marília determinou, nesta sexta-feira (6), que seja feita uma nova reconstituição da morte do funileiro Daniel Luís da Silva de Carvalho, ocorrida em 19 de junho do ano passado, em frente a uma oficina mecânica na Via Expressa, zona Sul de Marília.
A decisão é do juiz Paulo Gustavo Ferrari, da 2ª Vara Criminal, e atende pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), que apontou falhas na simulação realizada em março deste ano.
“Ocorre que, em realidade, a reprodução simulada dos fatos é diligência que exige a análise de todas as versões apresentadas pelos presentes durante a prática delitiva e deve basear-se exclusivamente naquelas já documentadas nos autos, devendo privar-se o senhor perito de colher novas informações verbais no momento da reconstituição, sob pena de gerar conformação momentânea e ilusória com o cenário”, diz o promotor Rafael Abujamra.
O MP-SP também pediu que a Polícia Civil apresente novas cópias do laudo pericial realizado no celular do outro funileiro envolvido no caso, que acabou esfaqueado. O prazo para a realização da nova reprodução simulada é de 90 dias.
Vale lembrar que, na reconstituição realizada em março, dos três personagens intimados, apenas uma testemunha compareceu.
O policial militar – autor dos disparos que matou Daniel – e o funileiro esfaqueado durante a confusão comunicaram antecipadamente que não participariam da reconstituição.
CASO
Segundo o Boletim de Ocorrência, o policial militar de folga – que trabalhou por muitos anos na Rocam em Marília, mas atualmente presta serviço em São Paulo – relatou que tinha levado a Van do irmão ao local para consertar.
O PM afirma que Daniel chegou ao estabelecimento já discutindo com a vítima. Pouco depois, a vítima saiu irritada e retornou, iniciando nova discussão.
Em determinado momento, de acordo com a versão do policial, Daniel retirou uma faca da cintura e passou a golpear o proprietário do estabelecimento. O sargento, que estava de folga, teria gritado “parado, polícia” e desferido um disparo da própria arma (particular) contra Daniel, quando ele não obedeceu a ordem.
Ainda conforme a versão do PM, o funileiro não parou as agressões, sendo necessário mais dois disparos. Daniel teria saído correndo com a faca na mão e caído em frente de uma igreja. O policial de folga ligou para outro PM, que informou o Copom sobre o ocorrido e acionou o socorro.
Uma testemunha confirmou a versão do policial, afirmando que presenciou a briga de Daniel com o dono do estabelecimento por duas vezes.
Conforme a testemunha, ambos se ofenderam durante a discussão e Daniel saiu do local, voltando armado com uma faca. Eles discutiram de novo, até o rapaz golpear o rival com a arma branca. A testemunha narrou que, em dado momento, Daniel quase se ajoelhou para dar a facada na região do abdômen, e então foi possível ouvir três disparos. Em seguida, o agressor foi visto saindo correndo com a faca na mão e caindo na calçada.
Após os fatos, a testemunha tomou conhecimento que os tiros tinham sido dados por um policial de folga. A perícia esteve no local e foram recolhidos o celular do dono da oficina e o revólver do sargento, com duas munições intactas e três deflagradas.
Segundo relatos da família da vítima, o desentendimento ocorreu por causa da venda de um Chevrolet Corsa usado, pelo valor de R$ 3 mil, que Daniel fez ao outro homem; este estaria cobrando a transferência da documentação, há um mês atrasada. Daniel teria ido se explicar quando houve a discussão e morte na oficina.