Júri do coronel Dhaubian é suspenso e será retomado nesta quarta-feira
Teve início nesta terça-feira (26) o Tribunal do Júri do coronel aposentado da Polícia Militar, Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, acusado de matar em outubro de 2021 o ajudante Daniel Ricardo da Silva, de 37 anos, em um motel localizado nas margens da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), na zona norte de Marília. Os trabalhos foram interrompidos já no final da noite e serão retomados nesta quarta-feira (27), a partir das 8h30, no Fórum de Marília.
A primeira parte do julgamento teve início às 9h. Como o caso estava em segredo de Justiça, inicialmente ninguém poderia acompanhar sua realização, mas no início do Júri, houve o pedido para que a família do coronel pudesse acompanhar os trabalhos.
O juiz Luciano Brunetto Beltran, da cidade de Tupã, que estava comandando o julgamento, teria dito que se fosse para liberar para os familiares, qualquer pessoa poderia assistir, permitindo o acesso do público.
Foram ouvidas todas as testemunhas do caso, inclusive a ex-mulher de Dhaubian, que mantinha um relacionamento amoroso extraconjugal com a vítima. O coronel participou ativamente do julgamento. Com um caderno em mãos, fazia anotações e passava para o advogado, que questionava as testemunhas.
Após os depoimentos, às 21h25, os jurados foram jantar no Fórum e em seguida levados para um hotel da cidade. Eles não podem ter contato entre si, nem com outras pessoas. Pela manhã serão levados novamente para o Fórum, na retomada no julgamento, a partir das 8h30.
O coronel Dhaubian será ouvido e não existe limite de tempo para que o promotor Rafael Abujamra e o advogado Helder Monteiro façam suas perguntas sobre o dia do assassinato.
A defesa usará a tese da legítima defesa, alegando que Daniel estava com a arma da esposa do coronel e tinha a intenção de matá-lo. A pistola foi encontrada na cena do crime, mas o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) acredita que ela foi ‘plantada’ no local, logo após o homicídio, com o intuito de enganar a polícia.
A ex-esposa de Dhaubian, que também é uma policial militar, disse que a arma em questão estava em sua casa, enquanto familiares do coronel afirmam terem visto o objeto com a mulher, enquanto ela se dirigia para Assis, onde teve um encontro com Daniel na noite anterior ao crime.
Após o acusado ser ouvido, com as devidas perguntas, promotor e advogado iniciarão os debates. Cada um terá uma hora e meia para defender sua tese, começando pelo representante do MP-SP, seguido do defensor do réu. O promotor terá mais uma hora para a réplica, com igual período destinado ao advogado.
Em seguida, os jurados decidirão o caso. São quatro homens e três mulheres, responsáveis por dizer, após o longo julgamento, se o coronel será inocentado da acusação por legítima defesa ou condenado pelo homicídio, com a sentença do juiz sendo dada em seguida. A previsão é que o julgamento termine apenas no período da tarde desta quarta-feira.
DENÚNCIA
Segundo consta na denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), no dia do crime, por volta das 6h10, Dhaubian matou a vítima e ainda tentou forjar provas no local do crime.
Alguns meses antes dos fatos, o coronel contratou Daniel para prestar serviços na própria empresa de construção civil e lhe cedeu moradia em um dos quartos do motel, de sua propriedade.
Conforme o texto da Promotoria, Dhaubian teria matado a vítima por vingança, após descobrir um suposto caso amoroso entre sua esposa e o homem.
O autor teria ido até a sua residência – vizinha ao motel –, pegado a arma do crime, se apoderado também da arma de fogo de carga pessoal da companheira, que é policial militar, e ido até o estabelecimento muito antes do horário habitual.
O réu teria ficado nas proximidades do quarto de Daniel e permanecido à sua espera. A vítima chegou ao local por volta das 6h e foi até suas acomodações – situação flagrada pelas câmeras de vigilância.
O coronel, segundo o MP-SP, era exímio atirador e surpreendeu o homem quando ele se aproximava do quarto.
“Enquanto alvejava a vítima, que buscava se desvencilhar da execução, ainda recebeu apelo dela por sua vida, que o indagava sobre o motivo de assim estar agindo. A vítima veio a solo e, na sequência, a óbito”, diz a denúncia.
Segundo o documento, após constatar a morte de Daniel, Dhaubian inseriu a arma de fogo da companheira no local do crime, “buscando inovar artificiosamente a cena do crime e criar inexistente legítima defesa, o que acabou confirmado porque foi constatado que tal instrumento acabou colocado sobre uma pegada de sangue oriunda de calçado diverso do usado pela vítima.”
Dhaubian então fugiu e a PM foi acionada apenas horas após o crime, onde já se encontravam as testemunhas e o pai de coronel, que prontamente apresentou a versão de legítima defesa.
“Há de se ressaltar que, durante as buscas infrutíferas da arma do crime nos imóveis pertencentes a Dhaubian, foi localizado um verdadeiro arsenal de armas e munições de calibres variados, parte delas sem os respectivos registros nos órgãos competentes”, conclui o MP-SP.
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