Júri condena policial aposentado que matou casal em Ourinhos
O Tribunal do Júri de Ourinhos (distante 95 quilômetros de Marília) condenou o policial militar aposentado Washington Luís Sá Freire Paulino, nesta quinta-feira (15), acusado de duplo homicídio do casal Júlio Barbosa e Aline Aparecida Balbino. O servente de 40 anos e a companheira de 31 foram mortos a tiros em crime ocorrido em julho de 2020.
Paulino foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão por duplo homicídio qualificado, com recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e uso de meio cruel. A defesa chegou a alegar legítima defesa, mas a tese não foi acolhida.
O policial militar aposentado foi condenado por quatro votos a três, e volta ao presídio Romão Gomes, onde passa a cumprir a pena. Paulino já estava preso na unidade, onde cumpria preventiva.
ENTENDA
Conforme a versão dos policiais militares que conduziram o ex-colega de farda até o Plantão Policial, Paulino se apresentou na sede do batalhão de Ourinhos às 5h da data do crime, dia 18 de julho de 2020, acompanhado de um sobrinho.
O acusado relatou que Júlio trabalhava como pedreiro em sua chácara, que fica próxima à propriedade do sobrinho, onde estaria pernoitando com a companheira Aline.
Na noite de sexta-feira (17), o casal, o policial e também o sobrinho teriam participado de um churrasco com ingestão de bebida alcoólica no local. O autor do crime relatou que, após seu parente ter se retirado, teria ocorrido uma briga entre o casal.
Disse ainda, em seu relato no quartel de Ourinhos, que ficou do lado de fora e o casal se recolheu primeiro.
Ao tentar entrar no quarto onde iria dormir – lado oposto do mesmo imóvel – teria sido atacado por Júlio, que estaria armado com uma faca.
Paulino relatou ainda que efetuou um disparo no braço do pedreiro e entrou em luta corporal com ele, caindo sobre o colchão onde Júlio dormia com Aline. Durante a confusão, o PM disse ter efetuado mais dois disparos, que atingiram a região do tórax.
A mulher então, teria avançado contra o PM com uma segunda faca, momento em que levou três tiros, disparado da mesma arma, um revólver calibre 38.
Ainda conforme o primeiro relato do policial mariliense, ele teria tentado acionar socorro, mas no local não havia sinal de celular.
Por isso, ele fechou a porta e foi até a casa do sobrinho, contou o que havia acontecido e ambos se deslocaram até o quartel da PM de Ourinhos. Antes, Paulino fez uma foto da posição em que os corpos estavam, para mostrar aos policias, no ato de sua apresentação.
Uma das situações que será alvo da investigação é a posição em que os peritos encontraram Aline. A cena do crime para perícia foi diferente da foto apresentada pelo policial.
Outros detalhes, como o estado de conservação e o tipo de faca na mão de Júlio e próximo ao corpo da mulher também chamaram a atenção.
Diferente dos outros utensílios encontrados na casa, as facas eram novas e seriam de modelo usado para caça. Uma das lâminas estava (com o cabo) encostado na mão de Júlio e a outra entre o corpo de Aline e a parede.
Já na foto apresentada pelo PM, a arma branca que seria atribuída à mulher, estava perto do corpo, sobre a cama.
O médico legista também informou, após exame em Paulino, que o policial não apresentava lesões visíveis que comprovem em um primeiro momento a versão alegada por ele.