Jovem inventa assalto na busca de reaver golpe sofrido
Uma jovem de 21 anos pode responder por falsa comunicação de crime, depois de inventar que tinha sido vítima de um assalto à mão armada no dia 29 de abril. O crime, segundo a acusada, teria ocorrido no bairro Alto Cafezal, zona Oeste de Marília.
Conforme a polícia, o objetivo da mentira era tentar recuperar o dinheiro perdido em um golpe. Na ocorrência, a moça conta que o crime aconteceu por volta das 18h30, na rua Bonfim.
Em depoimento à polícia, a suposta vítima disse que tinha acabado de sair do trabalho. No caminho para casa, ela teria sido abordada por três bandidos, um deles armado.
Na ocasião, a jovem afirmou ainda que não sabia dizer se a arma era verdadeira ou simulacro, mas relatou que o trio agiu com violência. Um deles teria chegado a empurrá-la no chão e provocar uma queda. Conforme a versão da acusada, os assaltantes tinham exigido que ela desbloqueasse o telefone usando recursos de reconhecimento facial e digital.
Em seguida, teriam sido realizadas sete transferências para três diferentes contas, em um total de R$ 1.576,81. O prejuízo seria aproximadamente o valor do salário da vítima, que tinha recebido o pagamento na mesma data.
A suposta vítima alegou ainda que, após o roubo, os ladrões – que estavam encapuzados e vestiam roupas de inverno – fugiram em um carro que ela acreditava ser um Chevrolet Celta.
Apesar da versão rica em detalhes, apuração da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) descobriu que o relato era mentiroso. Na verdade, a mulher foi vítima de golpe em um site e decidiu registrar o caso com assalto à mão armada.
“Segundo consta, ela [acusada] investiu dinheiro num aplicativo para compra de produtos com PIX. Foram destinadas metas a cumprir, sendo que ela poderia resgatar o dinheiro quando quisesse, em tese. Ela teria investido cerca de R$ 1,5 mil. A última ‘missão’ seria adquirir um estetoscópio no valor de R$ 1 mil, mas ela não tinha dinheiro para tal investimento e, quando solicitou a devolução [do valor], descobriu que havia caído em um golpe”, explica o delegado titular da DIG, Luís Marcelo Perpétuo Sampaio.
A invenção do roubo ocorreu na tentativa para que a operadora de cartão cancelasse as compras e ela conseguisse reaver os valores perdidos.
De acordo com o delegado, a jovem teria sido orientada por uma amiga a registrar um Boletim de Ocorrência inventando que tinha sido roubada.
“Por orientação de uma amiga e para tentar reaver o dinheiro, [ela] registrou um Boletim de Ocorrência de roubo, inventando ter sido assaltada por três indivíduos, fato que não ocorreu. Ao que consta, ela teria sido vítima de estelionato fazendo depósito na conta de terceiros, sofrendo prejuízo patrimonial”, conta o delegado.
Conforme Sampaio, a suposta vítima pode responder por falsa comunicação de crime. O caso vai ser encaminhado para o Setor de Investigações Gerias (SIG) para continuidade da apuração. O estelionato também deve ser apurado em outro procedimento, por uma das unidades da Central de Polícia Judiciária (CPJ).