Flagrante de socorro expõe abuso de álcool entre jovens durante alerta por metanol

Uma jovem foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após entrar em coma alcoólico na noite de domingo (5), na região do Campus Universitário, zona oeste de Marília. O caso ocorre em meio a uma onda nacional de alertas sobre intoxicações por metanol, associadas ao consumo de bebidas contaminadas.
Apesar do cenário, não há qualquer indício de que o episódio registrado em Marília tenha relação com ingestão de metanol. Segundo a Vigilância Epidemiológica, o município segue sem registros confirmados desse tipo de intoxicação.
De acordo com informações apuradas pelo Marília Notícia, a jovem fazia parte de um grupo de amigos que consumia bebidas alcoólicas em uma conveniência na rua Manoel Santos Chieira. Ela teria passado mal após ingerir grande quantidade de álcool e foi levada inconsciente ao Hospital das Clínicas (HC) de Marília.
Em várias regiões do Brasil, a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária têm fechado fábricas clandestinas e pontos de venda que comercializavam bebidas sem registro. Ainda assim, parte da população continua consumindo esses produtos, muitas vezes sem saber sua origem.
Em Marília, dados da Vigilância Epidemiológica apontam crescimento nos casos de intoxicação exógena — reações do organismo a substâncias externas, como álcool, medicamentos, drogas ou produtos químicos. Os registros subiram de 496 em 2024 para 547 neste ano, um aumento de 10,3%.
Embora a Secretaria Municipal da Saúde não tenha detalhado as causas específicas, episódios como o coma alcoólico registrado no fim de semana também se enquadram nessa categoria de intoxicação.

O aumento nas ocorrências chama atenção para um comportamento social profundamente enraizado: o hábito de beber como forma de convivência e pertencimento. Para muitos brasileiros, o consumo de álcool está associado à celebração, amizade e descontração — mas também representa uma das principais portas de entrada para problemas de saúde e acidentes.
O abuso de bebidas alcoólicas causa milhares de internações por ano — e entre os jovens, o consumo excessivo tem se intensificado, segundo o Ministério da Saúde.
O momento é especialmente preocupante. Com o aumento do uso entre adolescentes e universitários, somado aos alertas sobre contaminação por metanol, os riscos se multiplicam em todo o país.
Diante da escalada de casos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, determinou que profissionais da área notifiquem imediatamente ao Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) qualquer suspeita de intoxicação pela substância. A medida busca reforçar o monitoramento e agilizar a resposta a ocorrências — especialmente em São Paulo, que já soma seis confirmações e dez investigações em andamento, incluindo três mortes.
“Essa determinação é para que possamos identificar mais rapidamente não só o que está acontecendo no estado de São Paulo, mas também possíveis intoxicações em outros estados do país, a partir de comportamentos clínicos e epidemiológicos anormais”, afirmou Padilha.
O ministro também destacou que o cenário acende um alerta sobre a presença de metanol em bebidas. A Polícia Federal entrou na investigação diante da suspeita de atuação de uma organização criminosa.