Irmãs estariam com material para ritual, diz testemunha
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) localizou e ouviu na última sexta-feira (11) o taxista que se recusou a transportar o saco com o corpo do aposentado Donizeti Rosa, de 60 anos, na madrugada de quarta-feira (9).
O delegado Luís Marcelo Perpétuo Sampaio relatou ao UOL que as irmãs Wania Santos Silveira, de 52 anos, e Andrea Santos Silveira de Sousa, de 49 anos, teriam dito que – em vez do corpo – o pacote continha mármore, joias e meio milhão de reais.
O delegado Luiz Marcelo Sampaio, responsável pelas investigações, disse ao site que as testemunhas já começaram a ser ouvidas. Segundo o taxista que rejeitou a corrida, ele não sabia o conteúdo real do saco plástico.
“Ele contou que, ao chegar no prédio em que elas moram, uma das irmãs pegou uma sacola com terços e velas e colocou no banco traseiro. Em seguida, elas subiram no apartamento e desceram carregando um saco plástico. Quando ele foi ajudá-las a colocar o embrulho no porta-malas, percebeu que estava pesado e as questionou. As mulheres teriam dito que no saco tinham mármore, joias e meio milhão”, disse o delegado em entrevista ao portal.
Sampaio afirmou que o taxista contou ainda que as irmãs teriam afirmado que fariam um “ritual”. O motorista então teria se recusado a fazer a corrida e deixado o local.
Conforme o apurado pela polícia, o taxista fazia o transporte das irmãs há mais de dois anos e não desconfiou do crime.
“Ele ficou sabendo no dia seguinte quando viu a repercussão do caso. Não acreditamos que ele tenha envolvimento no crime”, pontuou o delegado.
FAMILIARES
Um irmão da vítima também foi localizado e ouvido pela DIG. O familiar disse que não tinha contato com Donizeti Rosa há dez anos.
“Esse irmão contou que o Donizeti era uma pessoa boa, que frequentava a igreja e não tinha inimizades. Como moravam em cidades diferentes, acabaram se distanciando com o tempo. O irmão disse que perdeu o número do aposentado e recentemente chegou a procurá-lo em Marília, mas não conseguiu notícias”, afirmou Sampaio.
SUSPEITAS
Ainda de acordo com a entrevista do delegado, as irmãs trabalhavam como cuidadoras da vítima há aproximadamente cinco anos.
Em depoimento, elas teriam relatado que a relação entre eles era tumultuada e com diversas desavenças.
“Elas contam que muitas vezes precisavam amarrá-lo para alimentá-lo e que ele gritava muito. Na versão delas, as desavenças eram porque o Donizeti ficava andando sem roupa pelo apartamento e isso as incomodava”, diz o delegado.
Conforme o delegado, as mulheres relataram que Donizeti tinha sofrido uma queda no apartamento recentemente e, por isso, tinha ferimentos na boca.
ENTENDA
As irmãs Wania e Andrea tiveram as prisões temporárias decretadas na tarde de quinta-feira (10) pela Justiça de Marília. A dupla é suspeita de matar o aposentado Donizeti Rosa, de 60 anos, e ocultar o corpo em sacos plásticos. O cadáver foi abandonado no Centro da cidade.
Imagens de câmeras de segurança ajudaram os policiais civis no esclarecimento do homicídio, menos de 12 horas após a descoberta do crime.
As duas foram detidas pela Polícia Militar (PM) por volta das 8h30, após um chamado sobre um possível roubo. As irmãs teriam sido vítimas de um assalto, mas se enrolaram ao explicar o ocorrido para os policiais militares, que passaram a suspeitar delas.
Os PMs desconfiaram que fossem as possíveis autoras do homicídio descoberto no dia anterior e as levaram para a Central de Polícia Judiciária (CPJ).
Elas permanecerão presas em prisão temporária com prazo de 30 dias, que pode ser estendido para mais 30. Ao final do prazo, a Polícia Civil também pode pedir a prisão preventiva das suspeitas.
RELAÇÃO VÍTIMA E SUSPEITAS
Segundo o apurado pela polícia até o momento, as suspeitas vieram de fora, a princípio de Minas Gerais, e moravam com o idoso, que era debilitado. As duas seriam cuidadoras da vítima. Rosa era aposentado.
No apartamento, a polícia localizou alguns extratos bancários que indicam empréstimos somados em R$ 25 mil no nome da vítima.
“Nós localizamos lá no apartamento alguns extratos que indicam que houve empréstimos no nome dele recentemente. Pelo que a gente levantou no documento, R$ 25 mil em empréstimo consignado. São menos de 24 horas que fomos acionados, ainda tem muito para investigar. A motivação também. Foi coletado o material para ver se o saque era feito por elas, mas ainda é muito prematuro. A motivação elas ainda não confirmaram. Pode ter sido uma série de situações, ele era debilitado. Sobre o que aconteceu lá, se elas não confirmarem, vamos ter que aguardar o laudo necroscópico para ter uma noção”, ressaltou.
Ainda conforme a polícia, fazia tempo que os moradores do prédio não viam a vítima e algumas pessoas relataram ter presenciado várias brigas entre o idoso e as mulheres.
“Ele tinha debilidades, mas o pessoal do prédio já fazia tempo que não o via. O pessoal do comércio que o conhecia assistiu várias brigas entre elas e a vítima. Discussões eram rotineiras no local, mas como eu disse, agora vai depender de uma série de exames, não é rápido. Contudo, acreditamos que o caso está esclarecido.”