Internações psiquiátricas caem pela metade em Marília desde 2008
A quantidade de internações por problemas mentais e comportamentais em Marília caiu pela metade na comparação entre 2008 e o ano passado, período que soma onze anos.
Os dados são do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e podem ser conferidos ano a ano logo acima deste texto, no gráfico produzido pela reportagem do Marília Notícia.
Em 2008 foram 2.066 internações desse tipo, enquanto em 2018 foram 1.010 casos. No período analisado, a quantidade começou a cair de forma mais intensa a partir do pico de 2012, com 2.352 internados.
As internações envolvem pacientes com demência, esquizofrenia, transtornos devidos ao uso de álcool e substâncias psicoativa, transtornos do humor, neuróticos e relacionados ao stress, retardo mental e outros.
Mudanças
No ano passado, o principal motivo de internação por problemas mentais e comportamentais na cidade foi a esquizofrenia, com 277 ocorrências – ou 26,7% das ocorrências
O uso de entorpecentes foi o segundo maior motivos de internações em 2018, com 254 casos (24,5%). Os transtornos de humor aparecem em terceiro lugar, com 174 casos (16,8%), seguindo do abuso do álcool (9,5%).
Em 2008 os diagnóticos de esquizofrenia envolviam 35% das internações e os transtorno decorrentes do abuso de álcool 25%. O abuso de entorpecentes aparecia como causa de 20% das internações e os transtornos do humor 8%.
Luta antimanicomial
Em 2001 aconteceu no Brasil a aprovação da Reforma Psiquiátrica, que trata da proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência, antes muito focado na internação.
“Este marco legal estabelece a responsabilidade do Estado no desenvolvimento da política de saúde mental no Brasil, através do fechamento de hospitais psiquiátricos, abertura de novos serviços comunitários e participação social no acompanhamento de sua implementação”, afirma o Ministério da Saúde.
O fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) é apontado como um dos motivos da redução das internações em todo o país nos últimos anos.
Os movimentos da reforma e da luta antimanicominial foram iniciados ainda na década de 1970 e em 1987 teve um de seus momentos chaves em Bauru (distante 108 quilômetros de Marília), com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental.