Internações por asma crescem mais de 120% no DRS de Marília
A região de Marília apresentou um aumento de 124% nas internações e crescimento de 230% nos atendimentos ambulatoriais por asma no Sistema Único de Saúde (SUS), somente nos primeiros três meses do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do expressivo aumento, segundo farmácias consultadas pelo Marília Notícia, ainda não foi registrado desabastecimento de medicamentos.
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou que no primeiro trimestre de 2023 houve o registro de 83 internações e 561 atendimentos ambulatoriais para asma no Departamento Regional de Saúde (DRS-IX) de Marília. No mesmo período do ano passado, tinham sido observadas 37 necessidades de leito e 170 consultas.
A assessora comercial Natania Souza Lima Milmann, de 40 anos, precisou de atendimento médico por uma crise de asma no dia 16 de junho. Ela ficou no oxigênio até melhorar e conseguir retornar para casa.
“Minha saturação caiu e eu fiquei sem conseguir respirar. Quando tenho essas crises, eu tenho que ficar no oxigênio. Fica aquela ‘chiadeira’ no peito que demora para passar. Desta última vez, além de cortisona e do oxigênio, eu precisei tomar adrenalina, que aplicam geralmente na barriga”, explica.
A moradora de Marília conta que tem medo de não encontrar o medicamento quando está em crise, mas que não tem sofrido qualquer problema nesse sentido.
“Geralmente, as bombinhas indicadas são fornecidas pela Farmácia Popular. Até hoje nunca aconteceu de faltar. Quem faz tratamento geralmente usa o Alenia, que é uma medicação cara, porém, tem fornecimento pelo Estado”, reconhece.
AUMENTO DA ASMA
O aumento na região de Marília é maior que o verificado em âmbito estadual. Em 2023, de janeiro a março, as internações causadas pela doença aumentaram em 50,7% e os atendimentos ambulatoriais 20,3%.
“O inverno é um período de risco para quem tem asma, tanto pelas mudanças do tempo quanto pelo aumento das infecções virais. Nessa época do ano, é normal aumentar a procura pelo pronto-socorro por crises asmáticas, inclusive com internações”, afirma a médica pneumologista Samia Rached.
De janeiro a março deste ano, foram registradas 4.416 internações e 15.910 atendimentos ambulatoriais no Estado de São Paulo, um crescimento expressivo em relação às 2.929 internações e 13.216 atendimentos realizados no mesmo período em 2022, números superiores aos registrados nos primeiros três meses dos últimos cinco anos.
FARMÁCIAS
Apesar do grande aumento de casos de asma em Marília e ainda no restante do Estado, até o momento não existe desabastecimento de medicamentos nas farmácias da cidade.
O Marília Notícia entrou em contato com três estabelecimentos locais, que garantem que os estoques estão normais. Não há informações se os remédios podem faltar nas próximas semanas.
DOENÇA
A asma é um processo inflamatório das vias respiratórias que causa o estreitamento dos brônquios, que são os canais por onde passa o ar nos pulmões. A doença causa tosse seca, chiado no peito, sensação de pressão nos pulmões, falta de ar e dificuldade para respirar.
A pessoa afetada pela condição possui mais dificuldade para expelir o ar dos pulmões do que para inspirar, causando a sensação de sufocamento.
O agravamento da doença está ligado a crises alérgicas, contato com fumaça, gases químicos, produtos de limpeza com cheiro forte, perfumes, infecções virais, poluição, exposição ao tempo frio, pólen e a micro-organismos, como ácaros e fungos, que se proliferam em ambientes com muita poeira, quentes e úmidos. A causa, no entanto, é desconhecida e, segundo especialistas, envolve fatores genéticos e ambientais.
Os sintomas, a gravidade da doença e os gatilhos que levam ao agravamento variam muito de pessoa para pessoa, então o tratamento é individualizado e, na sua maioria, por meio de medicamentos que atuam para desinflamar os brônquios ou atenuar os sintomas.
A asma não tem cura, mas a maioria das pessoas asmáticas vive uma vida normal, sem impedimentos à prática de atividades físicas, ao desempenho regular no trabalho ou nos estudos e sem maiores restrições para além de deverem evitar o que pode desencadear crises.