‘Inovaremos com três linhas do novo ônibus circular com tarifa zero’, diz Matheus Guerreiro
O Marília Notícia iniciou sua série de entrevistas com os candidatos a prefeito de algumas cidades da região. Desta vez, o entrevistado foi Matheus Guerreiro (PT), que concorre à Prefeitura de Vera Cruz.
A entrevista terá perguntas semelhantes aos demais candidatos que concorrem ao posto do Executivo e aborda temas como educação, saúde, mobilidade urbana, habitação, assistência social, funcionalismo público, entre outros setores da administração pública.
Matheus compartilhou suas propostas e planos para transformar a cidade, caso seja eleito. A seguir, os principais pontos abordados na entrevista:
MN: Conforme o Ranking de Eficiência dos Municípios 2024, apenas 40,83% das crianças de zero a três anos em Vera Cruz estão matriculadas em creches, o que significa que mais da metade delas ainda não tem acesso a esse serviço. Além disso, 93,27% das crianças de quatro a cinco anos estão na escola. Como você pretende mudar essa realidade?
Matheus: Primeiramente, vamos cumprir a lei e a obrigação de 100% das vagas de creche para crianças de quatro a cinco anos, ainda no primeiro ano de governo. Diagnosticar a real demanda de vagas para adequar, ampliar e construir novas salas, de forma participativa e multidisciplinar, integrando mobilidade urbana, saúde, social com inovação na gestão de projetos e pessoas. No decorrer do processo, vamos retirar crianças de salas sem condições de uso pleno e acessível, construir um espaço modelo para incentivar a socialização de crianças de zero a três anos e uma nova Emei, próxima ao bairro com maior demanda, próxima da área de nosso projeto habitacional de 130 casas e dois parques.
Vamos melhorar a qualidade de vida das famílias e dos professores, com novo concurso público para médico pediatra, atendentes e demais terapeutas para atendimento multidisciplinar no “Programa Casa do Idoso e Criança Joia”, lutando por um espaço seguro para acolher em tempo integral a população. Acreditamos que o concurso público garante aumento de qualidade no serviço, além de formação continuada, e de potencializar os efeitos dos programas em rede, principalmente os preventivos de saúde da família, onde os profissionais devem conhecer as particularidades de cada rua e bairro da cidade.
MN: Conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Vera Cruz atingiu a meta determinada pelo Ministério da Educação no Ensino Fundamental I, que representa a rede municipal do 1º ao 5º ano, obtendo 6,5. Quais as propostas para educação para atingir a próxima meta?
Matheus: Primeiramente, destacar que as boas notas no Ideb são fruto da soma de um efetivo de bons profissionais efetivos, mérito maior de servidores históricos do que da atual administração se deve essa conquista, mesmo diante de um cenário autoritário de não pagamento do piso salarial dos professores, corte de apoio alimentar para professores e servidores, material didático de qualidade duvidosa e assedio/perseguição política do atual prefeito contra professores quem pensam diferente dele.
Para atingir a próxima meta, os jovens da rede municipal do 1º ao 5º ano terão um novo calendário de educação ambiental e cultural, com jogos de inverno e verão, incentivando tanto o desenvolvimento pessoal quanto o entretenimento comunitário. Devemos despertar nos jovens, principalmente antes dos nove anos, uma ambição, uma vontade, uma capacidade de sonhar com um futuro próspero e acreditar que pode alcançar através de exemplos reais, assim, inovaremos com um circuito de viagens a parques e museus regionais, para despertar interesse em como cuidar do solo, da água, do ar, da cidade, da história e da democracia, assim plantar a semente de que são capazes de se tornarem o que quiserem ser; médicos, advogados, cientistas, dentistas, policiais, veterinários ou até mesmo sentir orgulho em escolher ser um profissional técnico da construção ou limpeza urbana, inserir desde jovens que todas as profissões têm importância e todos devem sentir alegria ao trabalhar.
O Ideb local sempre teve boas notas, durante a pandemia houve uma queda, impactando na idade certa de alfabetização de muitos, legado negativo de governantes que colocaram em risco a vida de muitos durante a pandemia com falta de alinhamento nas orientações sanitárias, com lideranças desaconselhando tanto vacinação quanto uso de máscaras, e ainda temos impacto nos indicadores de vacinação graças a essa cultura ideológica e negacionista da ciência e tecnologia.
Vamos inserir uma metodologia de gestão participativa na escolha dos assuntos das formações continuadas de professores e também das visitas a serem feitas. Sem participação, não há engajamento e continuidade de projetos que exigem longo prazo para colher os frutos. Melhorando a infraestrutura e conectividade das escolas, faremos as crianças permanecerem mais tempo nas escolas, ampliando as vagas de ensino integral com trabalho em rede para despertar talentos no esporte e na sociedade.
MN: A cidade está abaixo da pontuação média nacional em relação à receita. Como você pretende trabalhar o tema, atrair novos investimentos para Vera Cruz e, ao mesmo tempo, gerar mais oportunidades de renda para os moradores?
Matheus: Primeiramente, reforço que o maior problema da cidade é a falta de oportunidade tanto de emprego quanto de lazer. Para solucionar isso, vamos revisar e legalizar o projeto congelado pelo atual prefeito, o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, que direcionará a virtude de cada região de nossa cidade, facilitando o direcionamento de investimentos com visão de longo prazo e preservando nossa qualidade de vida, além de impedir que um crescimento sem controle (como um câncer – crescimento descontrolado e desorganizado do tecido urbano e rural) nos faça perder a tranquilidade da cidade. Ao mesmo tempo, vamos aquecer a economia local com o fortalecimento da agenda cultural e turística. Vamos dar publicidade regional dos nossos atrativos naturais, arquitetônicos e imateriais, atraindo mais de meio milhão de habitantes da grande Marília para circular em nossas belas praças e paisagens, criando finalmente uma economia criativa e sustentável, fortalecendo eventos tradicionais e inovando ao longo do ano com praças vivas e biodiversas.
Pensando no cooperativismo, vamos diagnosticar a atual oferta de prestadores de serviço municipal, tanto da área da saúde quanto da construção civil, de todas as áreas. Assim poderemos dar publicidade no site da Prefeitura e levantar os principais cursos que deveremos contratar para incentivar ainda mais o empreendedorismo local. Após engajar os principais interessados, vamos incentivar a instalação de uma incubadora de empresas e cooperativa, onde teremos a oportunidade de criar uma escola técnica e tecnológica urbana, para garantir que os jovens despertem interesse em trabalhar e permanecer em nossa cidade.
Pensando na agropecuária, daremos suporte tanto para os pequenos quanto aos grandes pecuaristas e cafeicultores. Além de garantir boas estradas e pontes rurais para escoamento da produção, vamos incentivar a diversificação, produtividade e sanidade com melhorias na equipe e implementos da patrulha agrícola municipal, além de realizar concurso público para veterinário e técnico agrícola, pois já não temos mais a Cati em plena atividade. Também devemos ajudar o produtor a agregar valor e segurança em seus produtos, assim vamos legalizar o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), para comercializar produtos agropecuários processados como leite, queijo, ovos e mel, tanto na merenda escolar municipal quanto em toda região.
Por fim, devemos dar mais visibilidade ao banco do povo e outras linhas de crédito com juros baixos, para incentivar a modernização e produtividade local, tanto no setor agropecuário quanto industrial e de serviços. Até o final do 3º mandato do presidente Lula, pretendemos entregar pelo menos 130 casas e dois parques, zerando o déficit habitacional e aquecendo toda economia durante o período de obras e posterioridade.
MN: Segundo o ranking de eficiência, o município conta com apenas 37% dos domicílios cobertos pela atenção básica e possui 1,07 médicos por 1.000 habitantes. Como mudar isso e quais são as suas propostas para o tema? Qual fase do seu mandato você pretende implementar essas medidas, caso seja eleito?
Matheus: Primeiramente, vamos fazer uma profunda pesquisa de avaliação do serviço de saúde e ampliar o horário de funcionamento de todas as unidades de saúde até as 20h, para acolher trabalhadores e comerciantes. Para mudar a eficiência, devemos mudar a forma de contratação e planejamento de saúde da família, pois a saúde primeira pode resolver mais de 80% das demandas, se bem administrada. Acreditamos no Brasil e no fortalecimento de nossa economia com o governo do presidente Lula, que vem enviando repasses “obrigatórios” em valores 10% a 30% maiores a cada ano, através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) que vem viabilizando mais obras e serviços, assim também esperarmos acelerar a lista de cirurgias, diagnósticos, tratamentos e medicações de alto custo. Hoje, o orçamento municipal está na faixa de R$ 50 a R$ 60 milhões, contra os R$ 20 a R$ 30 milhões durante o governo de meu vice, o ex-prefeito Fernando Simon, reforçando que alguns avanços são méritos maiores do governo federal e estadual do que municipal.
Logo na primeira fase, realizaremos um grande concurso público focado em cuidar das pessoas, dos diversos profissionais da área da saúde, inclusive médicos, para nossas crianças e idosos. Ainda na primeira fase, vamos zerar as filas de exames de especialidades com mutirões e incentivo à telemedicina.
Por fim, devemos construir uma nova unidade do Programa Saúde da Família (PSF) para a qualidade do trabalho em rede nos bairros e melhorar diversos indicadores, assim, determinaremos uma meta de um posto PSF para cada 2.750 habitantes em vez de um posto PSF para cada 3.666 habitantes. Também estudaremos a viabilidade de ampliar o plantão medico 24h na UPA e ainda uma mobilização na esfera estadual e federal para direcionar a construção de um “Centro Regional de Especialidades Medicas” e “Centro de Incentivo ao Parto Natural”, pois bons terrenos em Marília estão em falta e Vera Cruz, com um bom planejamento e gestão, permite ser um bom destino para investimentos estratégicos, pois as barreiras de pedágios ao redor de toda Marília encarem nosso custo logístico e brasileiros voltarão a nascer em Vera Cruz, uma etapa para alcançar o sonho de muitos vera-cruzenses, que seria a recriação do Hospital Municipal.
MN: Sobre habitação, quais são as suas propostas para o tema e em qual fase do seu mandato você pretende implementar essas medidas, caso seja eleito?
Matheus: Primeiramente, revisar os planos diretores e dimensionar o déficit habitacional para calcular o número exato de residências a construir. Viabilizaremos áreas para implantação de programas de construção de casas através do CDHU, além de incentivar iniciativas privadas, de forma planejada e sustentável, baseada em diretrizes de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado.
Desenvolver e implantar formas alternativas para resolver o déficit habitacional e principalmente de servidores públicos e moradores de áreas irregulares, como construção por autogestão, mutirões e cooperativas habitacionais.
Reativação do “Projeto de Moradia Econômica” que foi extinto pela Prefeitura, cujo objetivo é fornecer um Projeto Padrão e assistência técnica de profissional da Prefeitura para a construção da moradia, para pessoas de baixa renda.
Elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS), seguido da criação do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social e do Conselho Gestor do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, visando quantificar o déficit habitacional da população mais precarizada, que vivem em áreas de risco, insalubres e irregulares; gerar recursos financeiros para viabilizar os projetos e a gestão participativa desses recursos.
MN: O pós-pandemia foi cruel para muitas famílias. Algumas, inclusive, ainda não conseguiram se recuperar das adversidades. O aumento do número de pessoas em situação de vulnerabilidade é uma realidade. Como trabalhar para promover uma recuperação digna?
Matheus: Primeiramente, para acelerar a recuperação social, vamos estruturar uma ampla política de combate à fome, com distribuição tanto de alimentos quanto de alimentação. Lutaremos por um banco de alimentos, restaurante-escola, para capacitar novos e tradicionais profissionais e incentivar uma alimentação saudável, além de retomada imediata do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), um programa federal que disponibiliza recursos para comprar hortaliças de agricultores e distribuição de cestas para os mais vulneráveis.
Ao longo de todo o governo, fortaleceremos as entidades assistenciais municipais existentes e ampliaremos a diversidade e qualidade dos projetos e cursos do Fundo Social de Solidariedade. Por fim, recriaremos o saudoso “telecentro” como novo “Programa de Inclusão Digital” e também o “Programa Casa do Idoso e Criança Jóia”, com atividades recreativas, suporte médico e social, para garantir a todos os princípios da autonomia. Para isso inovaremos com três linhas do novo ônibus circular com tarifa zero, gratuito na primeira etapa para idosos, mulheres e crianças. Assim, os trabalhadores terão um espaço seguro para seus entes queridos e poderão retomar sua vida social-profissional.
MN: Em infraestrutura urbana, quais as propostas estruturais? Pretende fazer a implantação de novos serviços, com instalações diferentes? Quais?
Matheus: Primeiramente, revisar e implementar todos os planos setoriais, apenas assim a gestão terá um norte e prioridades definidas através de metas de curto, médio e longo prazo, ou seja, fazer “o que precisa ser feito” e não o que “dá mais voto”. Começaremos com o “Plano de Resíduos Sólidos” (PMGIRS), criando uma estrutura de coleta seletiva nos primeiros 100 dias de governo, assim como despertaremos os “Conselhos Municipais Fantasmas” que estão sem reuniões há três ou dois anos com o prefeito que se diz transparente e participativo.
Não menos importante, a questão de saneamento básico deve ser tratada de forma técnica e não eleitoral, antes de perfurar qualquer poço ou comprar novo reservatório, devemos atualizar o Plano Diretor de Combate a Perdas de Águas, pois foi diagnosticado que em torno de 40% de nossa água se perde durante a distribuição, ou seja, má gestão. Estamos comprometidos em buscar recursos para substituir o encanamento mais antigo da cidade e setorizar a rede de registros de água potável para melhorar a gestão de reparos e evitar interrupção geral do abastecimento da cidade. Implantação de sistema de energia solar fotovoltaica em prédios públicos. Implantar ciclovia e faixa de caminhada na vicinal VCR-040 – futura avenida Cidade Jóia. Também contrataremos a elaboração de planos de acessibilidade, mobilidade e arborização urbana para adequar ruas, calçadas, espaços e prédios públicos.
Em segundo plano, selecionaremos uma área para criar a usina de compostagem e trituração de resíduos da construção civil, onde finalmente faremos a primeira limpeza da história de nossa lagoa de esgoto e reaproveitaremos o lodo deste esgoto para enriquecer a compostagem. Assim, garantiremos boa infraestrutura de estradas rurais e proteção do solo e água.
MN: Os servidores públicos são conhecidos por serem o “calcanhar de Aquiles” das administrações municipais. Como prover um funcionário satisfeito para reflexo na melhoria do serviço prestado?
Matheus: Primeiramente, vamos valorizá-los com um projeto de recuperação salarial e implementação de plano de carreira, assim como atualizar e implementar o plano de reforma da estrutura administrativa para dimensionar um grande concurso publico para reposição do efetivo, inclusive na área da saúde, onde as terceirizações vem reduzindo a qualidade do atendimento e proposito de trabalho preventivo e em rede.
Para melhorar ainda mais o atendimento ao público, vamos priorizar os servidores no “Programa Super Saúde” com suporte tanto na saúde física quanto mental, assim dedicaremos um psicólogo e fisioterapeuta para os mais de 300 ativos, sendo a maior empresa do município. Também reforçamos nosso respeito à liberdade sindical e lutaremos pela atualização do estatuto do servidor, com ampliação de direitos e formação continuada para garantir maior segurança e eficiência. Por fim, estudaremos a viabilidade de implementar o “Programa Vale Saúde” para servidores aposentados, uma transferência direta de renda para melhorar a qualidade de vida de quem dedicou sua vida ao município.