IML divulga laudo sobre a morte da menina Isabelle
O laudo sobre a morte da menina Isabelle Fernandes dos Santos, de apenas dois anos de idade, foi divulgado nesta quinta-feira (19) pelo Instituto Médico Legal de Marília.
Isabelle faleceu no último dia 28 de setembro após ficar cinco dias internada no Hospital Materno Infantil, em um caso que gerou grande repercussão na cidade.
O laudo do IML, assinado pela Dra. Lilian Carla Mocelin Drefahl, corrobora com a versão inicial investigada pela Polícia Civil. O documento, concluído no último dia 5 de outubro, aponta que Isabelle sofreu diversas lesões no cérebro que podem ter sido causadas pela Síndrome do Bebê Sacudido.
“As lesões achadas na necrópsia sugerem um quadro de Traumatismo Crânio Encefálico grave (…) que podem ser compatíveis com a hipótese diagnóstica descrita em prontuário médico de Síndrome do Bebê Sacudido”, diz trecho do laudo.
A Síndrome do Bebê Sacudido, também conhecida pelo termo em inglês ‘shaken baby’, é quando há uma lesão cerebral grave resultante do balanço agressivo de um bebê ou de uma criança pequena. Movimentos bruscos podem causar sangramentos e falta de oxigênio no cérebro das crianças, pois elas ainda têm os músculos do pescoço muito fracos, não tendo força para sustentar a cabeça de forma adequada.
O laudo não descarta totalmente a hipótese da criança ter caído de algum lugar alto, entretanto, a médica legista destacou que se fosse esse o caso, Isabelle deveria ter sofrido diversas fraturas, o que não ocorreu.
Israel Luiz Vieira, de 22 anos, namorado da mãe de Isabelle, cuidava da criança no dia em que ela deu entrada no HMI. Ele foi preso no último dia 29 pela Delegacia de Defesa da Mulher.
De acordo com a polícia, Isabelle deu entrada no hospital com convulsões e diversos ferimentos, vinda do CDHU, na zona Sul da cidade. Uma conselheira tutelar que acompanhou o fato registou no dia um boletim de ocorrência de lesão corporal no plantão policial.
A conselheira informou no documento que por volta das 18h do sábado foi acionada por uma equipe do HMI com a informação de que a menina chegou com diversos hematomas e arranhões por todo o corpo.
Ainda de acordo com os funcionários do hospital, a notícia inicial era de que a vítima havia ingerido acidentalmente remédios da mãe e caído da cama, porém, a médica que atendeu Isabelle afirmou que as lesões eram incompatíveis com a situação narrada.
“Após diversos depoimentos a primeira hipótese é de que a criança caiu da escada acidentalmente, voltou para o apartamento sem ser socorrida, agonizou, tomou medicamentos da mãe e passou por convulsão. O rapaz demorou muito para socorrer a criança, que, vale ressaltar, estava sob os cuidados dele. Em um primeiro momento ele mentiu, dizendo que a Isabelle havia caído da cama. Ninguém acreditou porque a cama era baixa e a médica que atendeu o caso disse que as lesões não eram compatíveis com a história. Assustado, ele mudou a versão e disse que a vítima havia caído da escada. Informalmente, conversando com a equipe do IML, foi verificado na vítima o que é chamado de ‘Shaken Baby’, que é causado pelo ato de sacudir a criança de forma violenta e intencional. O cérebro não está com boa formação na caixa craniana e isso ocasiona diversas lesões. Israel confirmou que chacoalhou a criança. Ele alegou que fez isso para reanimar Isabelle, mas isso ainda será investigado. De qualquer forma estamos trabalhando com a hipótese de homicídio qualificado, seja pela omissão ou comissão. Também não descartamos a hipótese de um homicídio culposo, sem a intenção de matar. As investigações prosseguem”, disse o delegado Bolívar dos Santos Júnior no dia da prisão.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de homicídio doloso ainda que pela omissão. “Ele demorou muito para socorrê-la, a criança ficou agonizando. Ele poderia ter ligado para número de emergência e pedir ajuda para vizinhos, mas não o fez”, disse o delegado.
Israel permanece preso temporariamente. A polícia aguarda agora o laudo que irá indicar se a menina realmente ingeriu os remédios citados no depoimento de Israel. “Tudo indica que vamos converter em prisão preventiva ao final do inquérito”, finaliza Bolívar dos Santos Júnior.