Ibovespa bate recorde com condenação de Lula
Um rali diante do desfecho esperado, de confirmação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância, levou o Ibovespa a bater novo recorde nesta quarta-feira, 24, aos 83.680,00 pontos, e valorização de 3,72%. O giro financeiro foi forte, de R$ 15,7 bilhões.
Durante o pregão, as ações ligadas ao governo, de empresas estatais como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil estiveram entre as maiores valorizações do índice à vista, entre 6% e 7%. Os papéis ON e PN da petroleira renovaram seguidas máximas levando o preço a R$ 20,00 e R$ 19,00, respectivamente – as maiores cotações dos últimos anos.
Mário Mariante, estrategista-chefe para renda variável Planner Corretora Valores, ressalta que a força desses papéis no pregão de hoje reflete em parte o sentimento de que estão cada vez mais remotas as chances de Lula voltar a ocupar a Presidência da República. “Há sempre o receio de que a volta do PT traga novamente o uso das empresas estatais federais pelo governo”, disse o profissional, lembrando que a Petrobras tem de vender ativos para reduzir sua dívida e há um trabalho duro de reconstrução da empresa após o impacto da Lava Jato.
O desembargador Victor Laus decidiu acompanhar os outros dois magistrados da Tribunal Regional Federal (TRF-4) e rejeitou os pedidos preliminares da defesa do ex-presidente Lula, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, agora também em segunda instância.
“Neste momento, o que está importando para o mercado é Lula não ser candidato. Ainda não se precificou as consequências disso, do ponto de vista da corrida eleitoral”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe Nova Futura CTVM, referindo-se ao fato de o ex-presidente, fora do pleito, vir a apoiar fortemente alguém.
O economista Alexandre Espirito Santo, da Órama, não vê a questão do julgamento como algo definitivo para o médio prazo, quando Tribunal Superior Eleitoral (TSE) for instado a se manifestar. Nesse contexto, diz, os mercados seguem favorecidos pelo ambiente internacional, com 22 dias consecutivos de entrada de dinheiro de investidores não-residentes na bolsa, o que contribui para que o giro financeiro seja algo excepcional para o mês de janeiro.