Ibope: Jair Bolsonaro lidera pesquisa de intenções de voto
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, manteve a tendência de crescimento demonstrada nos últimos dias e atingiu 41% dos votos válidos na véspera da votação em primeiro turno, conforme pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem (6). Fernando Haddad, do PT, continua sendo o favorito para conquistar a segunda vaga em um eventual segundo turno. O petista tem 25% dos votos válidos, três pontos a menos que na pesquisa anterior, divulgada na quarta-feira passada (3). Para vencer no primeiro turno, Bolsonaro precisaria de 50% dos votos válidos mais um.
A campanha mais curta – a disputa oficial começou há 35 dias – chega hoje à votação em primeiro turno polarizada em duas candidaturas que romperam a tradição da disputa PSDB x PT, duelo recorrente havia 24 anos. Não são poucos os dados e fatos que reforçam o caráter singular desta eleição presidencial.
Desde 1989, uma eleição não reunia tantos concorrentes ao Palácio do Planalto. Treze postulantes se apresentaram em meio a um cenário de forte desgaste da classe política e de impopularidade recorde do governo do presidente Michel Temer. O centro fragmentado, resultado do racha da coalizão que sustentou Temer após o impeachment de Dilma Rousseff, ajudou a configurar a nova polarização. Bolsonaro capturou dos tucanos o papel de contraponto ao PT e se consolidou como a principal opção do eleitorado antipetista – o que ajuda a explicar a resiliência do líder desde que a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva foi barrada pela Justiça Eleitoral.
Esta campanha já teve um candidato preso, caso de Lula, condenado na Operação Lava Jato, e outro internado em um hospital, caso de Bolsonaro, que foi alvo de uma facada em Juiz de Fora (MG). Os episódios ilustram o grau elevado de acirramento da atual disputa, marcada pela inédita onda de desinformação e notícias falsas. Somente o projeto Verifica, núcleo de checagem do Estado, recebeu, de meados de junho até o momento, 90 mil mensagens com pedidos de verificação de conteúdo
Haddad assumiu a candidatura presidencial do PT sob o impacto do impeachment de Dilma e da prisão de Lula por corrupção. Bolsonaro expôs ideias radicais e compete com o petista no tamanho da rejeição. Com este ambiente eleitoral, até as candidaturas de centro apelaram para a agressividade. Além de radicalizar o debate, a predominância das candidaturas situadas nos extremos deixou em segundo plano a discussão sobre as reformas estruturantes e medidas para tirar o País da crise. Os 147 milhões de brasileiros aptos a votar vão às urnas sem um repertório concreto de propostas para resolver os problemas que o próximo presidente terá de enfrentar a partir de 2019.
7 pontos em 2 semanas
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, chegou a 41% das intenções de votos (considerados apenas os válidos) na pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem (6) depois de crescer sete pontos porcentuais em duas semanas. No mesmo período, o petista Fernando Haddad oscilou de 27% para 25%
Para vencer no primeiro turno, Bolsonaro precisaria de 50% dos votos válidos mais um – ou seja, isso só seria possível com a conquista de mais nove pontos porcentuais no dia da votação, mais do que ele avançou desde o dia 24 de setembro.
Em um segundo turno, se ele ocorresse neste momento, o placar seria de 52% a 48% para Bolsonaro, nos votos válidos, numa disputa direta com o presidenciável do PT. Como a margem de erro é de dois pontos porcentuais, há empate técnico no limite. Isso significa que há uma pequena chance de eles estarem empatados, mas a maior probabilidade é que o candidato do PSL esteja na frente.
Se Ciro Gomes (PDT) conseguir chegar ao segundo turno das eleições ao Palácio do Planalto, ele teria hoje 52% em um confronto com Bolsonaro, que ficaria com 48% – também haveria empate no limite da margem de erro.
Segundo pelotão
Com a polarização entre Bolsonaro e Haddad, seus principais adversários não tiveram espaço para crescer na reta final: Ciro oscilou de 12% para 13% dos votos válidos, de acordo com a pesquisa do Ibope, e ficou com pouco mais da metade da votação de Haddad. Geraldo Alckmin (PSDB) se manteve com 8%, e Marina Silva (Rede) passou de 4% para 3%.
João Amoêdo (Novo) ficou com 3%, mesma taxa da pesquisa anterior Henrique Meirelles (MDB), Cabo Daciolo (Patriota) e Alvaro Dias (Podemos) ficaram com 2% cada, e Guilherme Boulos (PSOL), com 1%
Nos votos totais, ou seja, levando-se em conta os brancos e nulos, Bolsonaro subiu quatro pontos desde a quarta-feira, de 32% para 36%, enquanto Haddad oscilou de 23% para 22%.
Na simulação de segundo turno com votos totais, o candidato do PSL teria 45%, e o do PT, 41%. Nulos e brancos seriam 12%, e os indecisos, 3%.
Rejeição
A rejeição a Bolsonaro e a Haddad permaneceu no mesmo patamar da pesquisa anterior. Enquanto a do candidato do PSL oscilou de 42% para 43%, a do petista passou de 37% para 36%.
Atrás deles, a maior rejeição é a de Marina Silva, em quem 22% dos eleitores não votariam “de jeito nenhum” – oscilação de um ponto para baixo em comparação com o último levantamento. Alckmin (16%) e Ciro (15%) também oscilaram um ponto para baixo e aparecem na sequência.
O Ibope ouviu 3.010 eleitores nos dias 5 e 6 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR-01537/2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.