HOU quer absorver exame e tratamento represados de câncer
Serviços de saúde especializados em oncologia tentam desarmar uma “bomba relógio” instalada pela pandemia. Números do Ministério da Saúde mostram que, em Marília, houve uma redução de 70% nos atendimentos ambulatoriais relacionados ao câncer. Como a doença continua presente, a preocupação é com uma explosão de casos graves e diagnóstico tardio.
Centro de excelência para a região de Marília, o Hospital Oncológico da Unimar (HOU) oferece atendimento de ponta e está em fase de credenciamento ao Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição depende de fluxos que passam pelo Poder Público, conforme já mostrou o Marília Notícia.
A expectativa é que o serviço possa atuar como resposta em saúde pública, para que a defasagem de diagnóstico e assistência possa ser superada, evitando que vidas sejam perdidas.
Conforme dados do Sistema DataSUS, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, em 2017, foram realizados em Marília 55.927 atendimentos ambulatoriais oncológicos (sem internação), entre procedimentos de finalidade diagnóstica e clínicos, ou seja, em pacientes já com câncer confirmado.
Em 2018 e 2019 – antes da pandemia –, os números tiveram variação entre 59 mil e 35 mil atendimentos nas especialidades oncológicas. Mas a partir de 2020, houve uma queda acentuada, que os especialistas não acreditam ter sido provocada pela falta de pessoas com câncer.
Ao longo de 2020, os serviços de oncologia na cidade somaram 14,5 mil atendimentos. Neste ano, a média baixa se mantém com apenas 10,9 mil procedimentos em ambulatório, de janeiro a setembro.
O diagnóstico tardio pode ser o principal problema evidenciado pelos dados. O MN mostrou, por exemplo, que despencou o número de biópsias para diagnóstico de câncer de próstata.
Sem informação sobre doenças instaladas (principalmente as silenciosas neoplasias), a pessoa com câncer não ingressa da rede de assistência, por consequência, não gera a série de atendimentos, o que explica a redução generalizada nos números, em várias especialidades.
Para o oncologista e coordenador do HOU, Sérgio Luís Afonso, é nítido o atraso de diagnósticos devido à queda na procura dos serviços de saúde, por parte da população.
Conforme a Sociedade Brasileira de Oncologia, cita o médico, o país realiza média de cinco milhões de mamografias por ano. Desde o início da pandemia, foram feitas pouco mais de dois milhões.
“Na sequência, o que teremos, é um diagnóstico tardio. O médico teve nessa pandemia a difícil tarefa de convencer o paciente a continuar seus tratamentos, seus acompanhamentos. Evidente que foi um temor provocado pela pandemia”, explica.
O oncologista vê uma “falsa redução” de casos de câncer no país. “Na verdade, estamos esperando um ‘boom’. Precisamos incentivar a população a fazer exames regulares, retomar sua rotina de cuidados. Não é mais Outubro Rosa ou Novembro Azul. Precisamos da prevenção de janeiro a dezembro”, alerta.
A estrutura de saúde, conforme o médico, está adequada e preparada. O HOU conta com especialistas em diferentes áreas, além disso, como parte do Complexo de Saúde do Hospital Beneficente Unimar (HBU), oferece suporte completo para exames e uma rede de multiespecialidades.
Instalado na quarta torre do Complexo Hospitalar, o centro especializado tem três salas cirúrgicas equipadas, além de atendimentos com nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e os mais modernos aparelhos para a realização de quimioterapia, diagnóstico por imagem, laboratório para exames, farmácia clínica especializada, odontologia hospitalar e hematologia.
O HOU também oferece ao SUS diagnósticos por meio do Pet Scan, aparelho que permite a identificação das células cancerígenas quase que instantaneamente. O processo de credenciamento junto à rede pública ainda não está concluído.
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