Hospitais de Marília relatam dificuldade para contratar
Os desafios atuais enfrentados pelos hospitais de Marília não envolvem apenas a falta de leitos reservados para pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19. Gestores também relataram ao Marília Notícia a grande dificuldade para contratar profissionais da saúde.
São vários os motivos para esses obstáculos e a questão envolve ainda um alto percentual de afastamento de médicos, enfermeiros e ocupantes de outros cargos fundamentais, seja por pertencerem a um grupo de risco ou apresentarem sintomas da doença.
No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema), a superintendente Paloma Aparecida Libânio Nunes confirmou ter dificuldade em relação a pessoal.
O HC é referência regional para pacientes infectados pelo coronavírus. São atendidos mais de 60 municípios com uma população que ultrapassa 1,1 milhão de pessoas.
Desde o começo da pandemia, até o dia 7 de janeiro deste ano, 772 profissionais da saúde em atuação no HC tiveram sintomas e destes 233 (30%) testaram positivos para a doença. Cada trabalhador sob suspeita fica afastado ao menos por 10 dias.
Por meio de nota o hospital informou que “os profissionais da linha de frente ao combate à referida doença, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, nutricionistas, e higiene, relatam as dificuldades e desafios que têm enfrentado na pandemia”.
“Eles enfrentam riscos emocionais, físicos e biológicos, pois a ameaça de contaminação está sempre presente. A realidade mostra profissionais exaustos, adoecidos física e emocionalmente, pois muitos, privados de seu convívio familiar, trabalham em meio ao ‘medo’ constante de contaminação”, disse a nota oficial.
A categoria que o HC mais tem encontrado dificuldade para contratar é a de técnicos de enfermagem. “Os últimos três processos seletivos não tiveram suas vagas preenchidas. Além de poucos aprovados, ainda existem os que passam no processo seletivo, porém desistem da vaga”.
“Também encontramos dificuldade na contratação médica. Foi necessária a publicação e divulgação de contratação emergencial para que pudéssemos preencher nossas vagas, principalmente na UTI”, completa o hospital.
“Muitos profissionais têm mais de um vínculo trabalhista e por exaustão, medo e sobrecarga, acabando se desligando de um dos empregos, desfalcando ainda mais os serviços de saúde”, informou o hospital.
Uma médica da Santa Casa de Marília fez um desabafo comovente nos últimos dias sobre dificuldades que a equipe vem enfrentando.
Ela relatou esgotamento físico e emocional, situação que afeta muitos outros trabalhadores da linha de frente no combate à pandemia.
A assessoria de imprensa da Santa Casa, no entanto, nega que haja dificuldade para contratação de pessoal por ali.
Os leitos de Unidade de Terapia Intensivo (UTI) reservados para pacientes Covid-19 estão lotados há semanas.
HBU
Por outro lado, na semana passada o Hospital Beneficente Unimar (HBU) abriu um processo seletivo para contratação de funcionários para a área da saúde. “Não conseguimos preencher todas as vagas”, afirmou a superintendente do HBU, Márcia Mesquita Serva.
“Estamos com muita dificuldade para contratar médicos. Não estamos encontrando médicos dispostos para trabalhar no combate do coronavírus”, destacou.
“O que acontece é que faz dez meses que nós estamos como primeira referência para Marília no enfrentamento da Covid-19. Com a mesma equipe de profissionais, que já era reduzida, fazendo muitos plantões. Eles estão exaustos, extremamente cansados”, completou Márcia.
Existe ainda o problema dos afastamentos de funcionários por confirmação ou suspeita de Covid-19, como citado acima.
Segundo Márcia, no HBU cerca de 40% do corpo de enfermagem está de licença por apresentar sintomas.
Muitos deles, ao que tudo indica, têm se contaminado durante suas férias ou nas ruas, já que não trabalham na lida direta dos pacientes com Covid-19 dentro do hospital, segundo a superintendente.