Homem morto pela ex descumpriu medida protetiva quatro vezes
A Polícia Civil identificou como Diego Honorato Andrade, de 29 anos, o homem morto pela ex-companheira, nesta terça-feira (13), no bairro Liliana Gonzaga, zona norte de Marília.
Segundo informações registradas no boletim de ocorrência do caso, a Polícia Militar foi acionada por volta das 18h, com intuito de intervir em uma briga de casal que acontecia no local.
No endereço, os policiais localizaram uma auxiliar de limpeza de 32 anos, sentada na varanda da residência. Aos militares, a mulher contou que havia matado Diego em legítima defesa e que possuía medida protetiva contra o ex-companheiro.
Segundo ela, o rapaz era uma pessoa muito agressiva e usuário de drogas, que constantemente descumpria a determinação da Justiça. Conforme a mulher, Diego já teria sido preso algumas vezes em razão disso.
A auxiliar de limpeza relatou que estava em casa quando Diego chegou. O rapaz bateu no portão e entrou no imóvel sem autorização.
Ainda conforme a versão da mulher, Andrade estava muito exaltado, dizendo que havia acabado de matar uma pessoa e queria que a ex estivesse “fechada” com ele para visitá-lo na cadeia.
Depois da negativa da auxiliar de limpeza, Diego começou a agredi-la com um tapa no rosto. A mulher alegou que conseguiu correr até a cozinha, onde se apossou de uma faca.
O homem teria entrado no cômodo, com o intuito de novamente agredi-la fisicamente, momento em que a mulher desferiu golpes de faca contra ele para se defender. Diego teria ido até o quarto e caiu na cama ferido.
O Samu chegou a ser acionado, mas constatou o óbito do indivíduo ainda no local. A polícia localizou a faca usada pela mulher.
Não havia testemunhas no endereço, já que a auxiliar de limpeza estava em casa apenas com a filha de um ano e sete meses.
Depois do ocorrido, a mulher ligou para a irmã, que acionou a Polícia Militar. A perícia esteve no local e a auxiliar de limpeza foi encaminhada até a Central de Polícia Judiciária (CPJ).
DEPOIMENTO
Na delegacia, a autora contou o histórico de violência doméstica, inclusive tendo sido agredida fisicamente por Diego enquanto estava grávida.
Segundo a polícia, a vítima havia sido detida quatro vezes por descumprir as ordens judiciais, sendo que da última vez em que foi preso em flagrante, em setembro do ano passado, o homem a ameaçou com um machado. Na ocasião, quando os policiais chegaram, ele os atacou, sendo necessário uso de força para contê-lo.
Após três meses preso, em janeiro, Diego recebeu o benefício da liberdade provisória e novamente descumpriu a ordem judicial, passando a fazer contatos telefônicos, enviar mensagens ameaçadoras e até ir na residência da mulher, onde pulava o muro e ingressava sem autorização.
Durante o depoimento, a auxiliar de limpeza contou que Andrade tinha ligado por vídeo de manhã, através do celular da avó dele, dizendo “Eu te amo, preciso de sua ajuda, eu fiz algo nessa madrugada. Eu vou subir aí”.
A mulher teria afirmado para o rapaz não aparecer e desligou o telefone, mas o homem continuou mandando mensagens.
Segundo a autora, por volta das 16h, Diego entrou na casa e teria dito que estava usando crack com outras pessoas, quando houve uma discussão e ele entrou na briga.
Nessa suposta briga, Andrade teria tomado uma faca de outro homem e golpeado o rival. Conforme o depoimento da ex, enquanto contava a história, Diego tirou a camiseta e exibiu cortes superficiais na região peitoral, nas costas e em um dos braços, decorrente da alegada briga.
Em seguida, o homem teria dito: “Você é minha mulher! Você vai me visitar. Se acontecer alguma coisa, você vai me visitar. Você sempre vai ser a minha mulher”.
Durante a discussão, a auxiliar de limpeza afirma que efetuou diversas ligações telefônicas para a mãe e avó do acusado, para alguém retirá-lo da casa, mas nenhuma delas atendeu.
O relato aponta que Diego ficou furioso com a situação e desferiu um tapa no rosto da mulher. Ela alegou que ficou assustada, e acreditando que seria morta, entrou na casa pela cozinha.
Diego a teria seguido e a autora pegou a faca. Acreditando que ia ser atacada, a mulher se virou e golpeou o homem uma ou duas vezes, não sabendo informar onde atingiu o agressor.
O depoimento aponta que mesmo ferido, Diego continuou andando rápido na direção da mulher e, na sequência, foi para o quarto, onde fez menção de pegar a filha que estava na cama.
A declarante disse que pegou a menina e Diego caiu no colchão. Ela contou que saiu com a filha para a rua, acreditando que o homem iria atrás dela para matá-la e, por isso, gritou por socorro. O celular da auxiliar foi apreendido.
Durante pesquisa, a polícia localizou registro de lesão corporal grave, ocorrido ontem na rua Antônio Raspante, com a informação de que um homem foi esfaqueado por outras duas pessoas, sendo uma delas identificada apenas como Diego.
A vítima deste caso foi socorrida até a UPA, com cerca de oito perfurações por faca, porém sem risco de morte.
LEGÍTIMA DEFESA
A delegada de plantão entendeu que houve legítima defesa, devido ao histórico de violência doméstica, somado ao fato de que, Diego, praticou uma possível tentativa de homicídio horas antes de comparecer na casa da mulher e confidenciou o caso à ex-companheira, causando temor em relação à sua vida. A mulher acabou liberada.
Diego será sepultado nesta quarta-feira (14), às 16h30, no Cemitério da Saudade.