Governo diz ter sido ‘traído’ e coloca Ivan e Vânia na mira
Surpresa para a administração municipal, a eleição do vereador Eduardo Nascimento (PSDB) para a presidência da Câmara de Marília, pode mudar os rumos da relação entre o Executivo e Legislativo na segunda metade do atual governo do prefeito Daniel Alonso (PL), que até o momento era pacífica.
Daniel não esperava a derrota do candidato governista Júnior Moraes (PL), até então favorito para vencer a disputa. Nascimento, principal voz da oposição, contou com votos que eram tidos como certos pelo lado derrotado. O experiente político é considerado um especialista em articulações nos bastidores e recentemente vem se aproximando do ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos), cacique histórico da política mariliense e principal adversário de Alonso.
Inicialmente, a corrida pelo pleito contava apenas com os nomes de Rogerinho (PP), Júnior Moraes (PL) e Luiz Eduardo Nardi (Podemos). Havia ainda a possibilidade do vereador Junior Féfin (União) indicar o próprio nome.
Com a desistência de Nardi, que percebeu que não teria os votos suficientes e precisou passar por um atendimento médico de urgência, houve mudança nos rumos da eleição. Alguns vereadores supostamente já estavam comprometidos com o representante do Podemos, sendo que com sua ausência na disputa, houve movimentação nos bastidores, culminando com a alteração da rota da votação.
A base aliada do prefeito contava com o voto de pelo menos dois vereadores que escolheram Nascimento. Vânia Ramos (Republicanos) e Ivan Negão (PSB) eram considerados votos certos em Moraes, mas a expectativa não foi correspondida.
“A principal decepção do grupo foi com o vereador Ivan Negão. Ele era um voto tido como certo no Júnior Moraes, mas votou no Nascimento. Teve traição na última hora”, disse uma fonte próxima ao prefeito Daniel Alonso, sob a condição de anonimato.
O Marília Notícia procurou o vereador Ivan Negão, mas ele não atendeu às ligações e nem respondeu mensagens encaminhadas para o seu telefone.
Já a vereadora Vânia Ramos, que também era um nome “certo” para votar em Júnior Moraes, contou que escolheu Eduardo Nascimento depois de um pedido feito pelo deputado federal Vinicius Carvalho, do mesmo partido. A parlamentar contou que a escolha foi feita na última hora.
“Essa decisão foi realmente na última hora. Não foi nada premeditado. Ninguém esperava essa ausência do Nardi e tudo aconteceu hoje [ontem]. Foi tudo muito de repente. O deputado federal Vinicius Carvalho, do meu partido, fez uma ligação para mim, pedindo que votasse no Eduardo Nascimento. O vereador havia apoiado o Vinicius Carvalho aqui em Marília e atendi ao pedido do deputado”, alegou Vânia ao Marília Notícia.
Vânia e Ivan entram agora na mira do Executivo, que pode cortar cargos de aliados e ignorar demandas dos dois vereadores.
No final Nascimento teve seis votos: o seu próprio e dos vereadores Rogerinho (PP), Júnior Féfin (União), Élio Ajeka (PP), Vânia Ramos (Republicanos), Ivan Negão (PSB).
Moraes recebeu o voto de Marcos Rezende (PSD), Evandro Galete (PSDB), Daniela D’Ávila (PL) e Marcos Custódio (Podemos). Danilo Bigeschi (PSB) eleito como oposição, mas que mantém boa relação com o governo, preferiu não se comprometer na disputa e não compareceu ao plenário.
A mudança no comando da Câmara foi considerada a pior possível para a administração municipal, que não emitiu qualquer nota ou posicionamento oficial sobre a vitória de Eduardo Nascimento. Quando Marcos Rezende (PSD) foi eleito, dois anos atrás, o tratamento foi diferente.
“Que o presidente Rezende continue com este mesmo entusiasmo, mantendo este entusiasmo ele inspirará toda a Câmara e também todo o Poder Executivo, pois este entusiasmo é exatamente o que a população de Marília espera dos seus governantes”, analisou o prefeito Daniel Alonso, em publicação na época.
O Marília Notícia apurou que Daniel e Nascimento já se falaram por telefone e que a conversa, a princípio, foi amistosa. Nascimento teria afirmado que não iria “perseguir” o governo sem motivos e Daniel, em um primeiro momento, irá observar o movimento das próximas semanas para tomar decisões de como se comportar em relação aos “traidores” e oposição.