Gasolina chega a R$ 4,29 em Marília
O preço do litro gasolina em Marília chegou a R$ 4,29 nos últimos dias, com valor médio de R$ 4,26 nos postos da cidade, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Há um ano, em janeiro de 2017, o valor médio praticado na cidade pelo derivado do petróleo era de R$ 3,80 o litro, ou seja, R$ 0,46 mais barato do que atualmente.
Em um ano o preço da gasolina aumentou 12% em Marília, enquanto a inflação oficial no mesmo período foi de apenas 2,9% – quase quatro vezes menos – de acordo com o Banco Central do Brasil.
Na pesquisa da ANP desta semana, com validade entre 14 de janeiro e o último sábado (20), o preço do litro da gasolina mais barato encontrado foi de R$ 4,22 em metade dos postos consultados – todos eles sem bandeira.
Exatamente a outra metade dos postos verificados pela ANP, apenas um da Petrobras Distribuidora e todos os outros Ipiranga, eram praticados o preço mais alto encontrado, de R$ 4,29.
Para comparação, na mesma semana da pesquisa da ANP em Bauru (distante 107 quilômetros) o preços médio da gasolina era de R$ 3,93 o que significa R$ 0,33 centavos mais barato (8,3%) do que em Marília. Lá o preço mínimo era de R$ 3,72 e o máximo de R$ 4,09.
Etanol
O preço do litro etanol, assim como o da gasolina, subiu entre janeiro de 2017 e agora. No entanto, o encarecimento do derivado da cana-de-açúcar foi mais moderado.
Nesta semana o etanol era vendido em média por R$ 2,96 por litro em Marília, enquanto esse valor era de R$ 2,85 no mesmo mês do ano passado. O aumento do valor médio foi de R$ 0,11 ou 3,8%.
No último levantamento da ANP o etanol mais barato no município sai por R$ 2,92 o litro e o mais caro em R$ 2,99 com praticamente a mesma precificação em todos os postos, o piso do preço encontrado nos estabelecimentos sem bandeira e o teto naqueles das tradicionais distribuidoras.
Mais uma vez, para efeito de comparação, em Bauru o etanol era vendido em média por R$ 2,70 por litro nesta semana. O valor é R$ 0,26 mais barato do que em Marília, ou 9,6% mais em conta.
Brasil
Nos últimos seis meses, o preço médio da gasolina em todo país subiu 19,5% nos postos de combustível. Em algumas cidades, está perto de romper a barreira dos R$ 5.
O preço médio, sem descontar a inflação, é o maior já registrado na série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que começou em 2001.
A gasolina mais cara do Brasil está na região Norte. Em Tefé, no Amazonas, o preço médio é de R$ 4,941 por litro. Em Alenquer, no Pará, chega a R$ 4,838. Para os paulistas, a gasolina mais cara é de Dracena (R$ 4,196) e a mais barata fica em São José dos Campos (R$ 3,863).
A escalada do preço está relacionada à nova política de ajustes da Petrobrás, em vigor desde julho de 2017, quando a estatal anunciou que as variações ocorreriam com mais frequência. Nesse período, os preços foram reajustados 133 vezes. A mudança foi feita para dar agilidade aos reajustes e acompanhar a volatilidade da taxa de câmbio e da cotação de petróleo. O barril ficou 28% mais caro nesse período.
Quando se compara o preço da gasolina no País com o do mercado norte-americano – de livre concorrência e sem nenhum tipo de política de preços – percebe-se um ritmo diferente. Nos EUA, o combustível ficou cerca de 7,6% mais caro quando o preço é convertido a reais.
Uma das explicações pode estar na sazonalidade. O período comparado começa no verão – quando os combustíveis ficam mais caros nos EUA – e termina em pleno inverno – quando os preços historicamente são mais baixos. Lá, a gasolina custa, em média, US$ 2,639 o galão ou R$ 2,2576 por litro.
Para não colocar em cima do consumidor todo o peso da volatilidade internacional do petróleo, especialistas sugerem um “amortecedor de preços”. Um dos mecanismos mais citados seria usar a atual Cide (o tributo federal que incide sobre os combustíveis) como um “colchão” para suportar a variação internacional, sem causar instabilidade no preço praticado no Brasil. O tributo seria variável: quanto maior o valor do litro, menor o porcentual da alíquota. E vice-versa.
“No Reino Unido, por exemplo, há certa estabilidade no valor cobrado, pois a volatilidade é amortecida pelo tributo variável. Isso dá mais estabilidade para o consumidor. A maior parte da Europa faz isso, e o Japão também”, defende o presidente da consultoria agrícola Datagro, Plínio Nastari.
O diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, elogia a atual política de preços da Petrobrás por acabar com a “ficção econômica” praticada nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – que represaram os preços para conter a inflação.
Pires defende, no entanto, o aprimoramento do sistema com a adoção da Cide como imposto ambiental – que oneraria a gasolina em favor de combustíveis mais limpos, como etanol – e também para corrigir externalidades – como a variação do preço internacional dos combustíveis. “A próxima etapa é rever a questão tributária. É preciso avançar na questão ambiental e na volatilidade de preços.”
A disparada da cotação do petróleo é resultado da maior demanda e consequente diminuição dos estoques, já que a produção não cresceu no mesmo ritmo, segundo o relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Mas nem todo esse aumento chegou às bombas. “De maneira geral, o petróleo não é um bem consumido diretamente, mas utilizado para produção de derivados. As negociações são realizadas com base nas cotações dos próprios derivados e não na do petróleo”, explica a Petrobrás em nota ao Estadão/Broadcast.
A estatal reconhece que, no longo prazo, petróleo e derivados têm comportamento semelhante, mas “no curto prazo podem ocorrer, e de fato ocorrem, oscilações de diferentes magnitudes”.