Alta de combustíveis espanta motoristas de apps em Marília
Preço dos combustíveis, “inchaço” dos aplicativos com muitos motoristas (com grande parte abandonando rapidamente), além de mudanças na política de remuneração das empresas, são alguns dos fatores que ajudam a explicar o fenômeno. O serviço virou um teste de paciência para os usuários.
A secretária mariliense Fernanda Rodrigues é usuária frequente dos aplicativos. Nesta quarta-feira (15), ela precisou de um carro para ir ao trabalho. A espera foi de oito minutos. “Não era assim. Antes a gente chamava e rapidinho já aparecia um motorista”, lembra.
A usuária do serviço conta ainda que os cancelamentos acontecem, principalmente, quando pede carro para a mãe, na volta do supermercado. “É bem difícil. Só conseguimos após várias corridas canceladas. É frustrante, porque essa é uma das horas em que você mais precisa”, relata.
As dificuldades observadas pela secretária se intensificaram com o aumento do custo para os motoristas, o que espantou muitos que estavam ativos nas plataformas. O aumento do combustível, manutenção e aluguel de carros foi determinante.
Após o “inchaço” de 2020, a queda acentuada no número de condutores nos últimos meses fez as plataformas reagirem. A resposta foi o aumento da remuneração, ao menos nas principais empresas que operam em Marília e no país.
Os aplicativos regionais como a Loob, por exemplo, tendem a ser mais vantajosos. Como estratégia para auxiliar o motorista neste tempo de crise, a empresa optou por repassar o valor integral da corrida até o fim do ano.
O motorista Hilton Noriaki dirige em Marília desde janeiro desse ano, quando o litro do etanol custava R$ 2,60 nos postos de combustíveis. Hoje, o mesmo combustível custa pelo menos R$ 1,30 a mais.
“Aumentou bem rápido e a conta, que já é apertada, começou a não fechar mais. Para não perder ainda mais motoristas, houve uma certa melhora por parte dos aplicativos, pelo menos para compensar um pouco tanta inflação”, afirma.
Noriaki ouve relatos diariamente de pessoas aborrecidas com os cancelamentos. O “mercado” para quem dirige melhorou, já que após as férias de julho [com a ampla vacinação], mais pessoas estão saindo de casa e precisam de transporte.
“Outro dia entrou no meu carro um pessoal que estava irritado. Foram até meio grosseiros comigo, porque três, quatro motoristas já tinham recusado antes. Eu procuro atender sempre”, relata.
Motorista ouvido pelo Marília Notícia, que prefere não se identificar, admite que seleciona corridas e rejeita as que entende levar a prejuízo.
“Se o aplicativo dá opção para o motorista recusar, é natural que haja essa seleção das corridas mais vantajosas. Está todo mundo tentando trabalhar com maior rentabilidade. As corridas muito curtas, dependendo do deslocamento para buscar o passageiro, acabam não compensando”, afirma.
Em resposta ao MN, a Empresa Municipal de Mobilidade Urbana (Emdurb) – que atua no cadastro e regulamentação dos motoristas na cidade – informa que o município conta com 129 trabalhadores cadastrados para essa finalidade. Contudo, número pode variar já que muitos trabalham sem cadastro oficial, apenas com vínculos nas plataformas.