Garça completa 91 anos apenas com ato cívico
Garça (distante 35 quilômetros de Marília) completa 91 anos nesta terça-feira (5). Devido à pandemia da Covid-19, a administração municipal cancelou o desfile de aniversário da cidade e foi realizado apenas um ato cívico.
No desfile na rua Carlos Ferrari, chegam a comparecer 10 mil pessoas desde 2017, quando o evento voltou a ser realizado.
Apenas autoridades foram convidadas para o ato cívico, que ocorreu na manhã de hoje, e foi solicitado que todos estivessem usando máscaras de proteção.
Dados do município
O município de Garça situa-se na região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, há 415 quilômetros da Capital. A cidade fica ao longo do espigão onde nascem duas importantes microbacias hidrográficas, Peixe e Aguapeí, propiciando abundante presença de matas, grotões e mais de 80 cachoeiras com alturas variáveis.
Garça tem 18,50 hectares de Mata Atlântica preservada dentro da cidade, no Bosque Municipal, e um número altamente significativo nas propriedades rurais adjacentes.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o município tenha 44.390 habitantes.
História
Em julho de 1916 partiu do município de Campos Novos Paulista uma caravana de aproximadamente 20 pessoas, chefiadas pelo Dr. Labieno da Costa Machado.
Em terras ainda selvagens, a comitiva se instalou às margens do Rio do Peixe. Ao descobrir um novo afluente, mudaram o rumo, seguindo o curso do novo rio, denominado mais tarde Ribeirão da Garça. A denominação se deu devido ao grande número dessas aves no local.
Labieno e o grupo iniciaram a demarcação do local e verificando que ali havia uma terra fértil, não tardaram a iniciar um processo de plantio agrícola. A primeira propriedade agrícola da região estava consolidada em 1920. Rapidamente um povoado começou a se formar ao redor da fazenda.
Os primeiros momentos da comunidade foram bastante inóspitos. A água tinha de ser buscada em locais distantes e era carregada em lombos de burros. O abastecimento de quaisquer gêneros alimentícios se fazia apenas nas cidades de Campos Novos e Presidente Alves que ficavam a pelo menos 40 quilômetros do local.
Labieno da Costa Machado iniciou as obras para a implementação de uma cidade. Em 1922, vários ranchos já estavam construídos e uma serraria era erguida. Também uma pequena capela foi construída, em homenagem a Nossa Senhora das Vitórias. Uma pensão, bares e outros estabelecimentos comerciais já começavam lentamente a surgir.
A vila ia se consolidando e levou, inicialmente, o nome de Incas. Posteriormente, o nome foi mudado para Italina, sendo novamente alterado para Garça, em função do Ribeirão da Garça.
A primeira rua da localidade foi inaugurada em 4 de outubro de 1924, com uma grande festa religiosa. A cidade que nascia tinha como sede o município de Campos Novos do Paranapanema, pertencendo à comarca de Assis.
Em 1926, um nova figura surgia na história de Garça: Carlos Ferrari, um fazendeiro que iniciava a sua produção de café no lado direito do rio do Peixe. A área ocupada por Ferrari pertencia ao município de Cafelândia, na comarca de Pirajuí.
Ferrari também iniciou um programa de desenvolvimento da sua região e loteou uma gleba de terra, vendendo as pequenas porções a preços módicos.
Desse modo, a cidade que nascia começava a se desenvolver em dois extremos. De um lado a faixa colonizada por Labieno da Costa Machado, que recebeu o nome de Labienópolis, e na outra faixa a parte colonizada por Carlos Ferrari, que foi batizada de Ferrarópolis.
Com o desenvolvimento da cidade em dois pontos distintos, não durou para que uma forte rivalidade se desse entre Labieno e Ferrari.
Fontes históricas indicam que se um colono pertencente a Ferrarópolis atravessasse para o lado de Labienópolis correria perigo e vice-versa.
Durante alguns anos, as disputas entre os grupos prosseguiu e, inclusive, aumentou, com novos proprietários buscando criar as suas próprias glebas, como foi o caso de Antônio Carvalho de Barros, que criou o Barrópolis e Lara Campos, com a Larópolis.
As disputas não se restringiam a territórios, sendo que também a política começou a interferir nas discussões dos grupos.
Labienópolis tinha a sede policial do futuro município, possuindo inclusive um sub-delegado subordinado ao delegado de Campos Novos.
Ferrarópolis, Barrópolis, e Larópolis eram apenas bairros ligados ao município de Cafelândia. Com isso, há relatos de abuso de autoridade para com moradores que não fossem de Labienópolis.
Mesmo com tantas rivalidades, o município de Garça foi constituído e começou a se desenvolver, principalmente com a cultura do café.
A sede, por fim, coube à parte de Ferrarópolis, com a sede da comarca ficando em Piratininga. A instalação do município de Garça se deu em 5 de maio de 1929, com a comarca do município sendo efetivada em 12 de outubro de 1935.
Garça foi, ao longo do século XX, um dos principais pólos de produção cafeeira do Brasil. Em 21 de abril de 1962, o município viu nascer em seu território uma das mais importantes cooperativas cafeeiras do Brasil: a Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça).
Atuando fortemente na representação de classe do setor cafeeiro, com líderes como Jaime Nogueira Miranda, a Garcafé ajudou a fortalecer a imagem do município nacional e internacionalmente, como um dos principais produtores de café do Brasil.
Desde o começo dos anos 80, a cidade de Garça conheceu uma mudança em seu perfil econômico. Várias indústrias de eletro-eletrônica, automação de portões e portas e segurança eletrônica foram instaladas na cidade, gerando um importante número de empregos e ampliando a renda local.
A cidade hoje é reconhecida como “Pólo de Eletro-eletrônica”. Conta ainda com uma boa rede educacional, com uma faculdade pública — Fatec Garça —, duas faculdades particulares e duas escolas técnicas vinculadas ao Centro Paulo Souza — Etec “Monsenhor Antônio Magliano” e Escola Agrícola “Deputado Paulo Ornellas”.