Galaxy S20 Ultra traz supercâmera com limitações
Desde o lançamento do Galaxy S7, em 2016, a Samsung vem fazendo pequenos incrementos no modelo topo de linha do ano seguinte. Foi assim até o Galaxy S10, de 2019. Mas com o Galaxy S20 Ultra, que chega às lojas em abril pelo preço sugerido de R$ 8,5 mil, a história é outra. O modelo mais caro da linha nova dos sul-coreanos traz grandes avanços em tela e na câmera.
Design e especificações
Com uma tela de 6,9 polegadas, o Galaxy S20 Ultra é um smartphone grande. Pesa 222 gramas e tem quase 17 centímetros de altura, quase não cabendo no bolso de uma calça jeans. A configuração avaliada veio com processador Samsung Exynos 990 de oito núcleos e 12 GB de memória RAM, além de 128 GB de armazenamento interno expansível com cartões de memória.
A memória RAM é tão generosa – pense que um Moto G8 Power tem 4GB – que o sistema operacional Android 10, com a interface One UI 2 da Samsung, permite deixar aplicativos muito usados sempre abertos, sem precisar ter que “fechar tudo” de tempos em tempos para deixar o telefone mais rápido. Uma das versões do S20 Ultra tem 16GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno.
Seu design foge um pouco do padrão das últimas geração do Galaxy S, com uma tela quase sem bordas (e sem as extremidades arredondadas, como era padrão) e um acabamento mais simples na traseira – preto ou cinza apenas. Já a câmera surge em formato de peça de dominó, com as três câmeras e um sensor distribuídos na traseira em um “calombo” que pode ser escondido com uma capa protetora, incluída na caixa. A câmera frontal está integrada à tela, com um “O” na parte central. Vale notar que o conector para fones de ouvido (padrão 3,5 mm) não está presente no Galaxy S20 Ultra (nem nos demais modelos da linha 2020), e a caixa do produto vem com fones com fio padrão USB-C.
A tela em si já traz uma mudança considerável nos Galaxy. Ela usa o mesmo display AMOLED dinâmico com resolução máxima de 1440 x 3200, mas é o primeiro aparelho da Samsung com frequência máxima de 120Hz. Isso significa que as transições da tela entre aplicativos são muito mais suaves, o desempenho em jogos – que demanda imagens em movimento constante – seja aprimorado e a experiência geral usando o aparelho, mais agradável. O ponto negativo de usar a tela a 120Hz é um consumo maior de bateria, mas isso não é um problema para o Galaxy S20 Ultra.
A bateria tem capacidade de 5.000 mAH, algo inédito entre os Galaxy S. É o suficiente para um dia completo de uso – lembrando que uma tela grande consome mais energia. Alguns recursos, como fotos a 108 megapixels e a capacidade de fazer vídeos em resolução 8K também requerem mais da bateria do smartphone. O modelo que avaliamos chegou a 12 horas de uso com 31% de carga, o que é bastante razoável. O aparelho veio com um carregador rápido de 25W na caixa, mas a Samsung permite usar um carregador opcional de 45W, que promete ser ainda mais rápido.
A câmera
A Samsung diz que câmera é um dos principais motivos de troca de um smartphone, e a configuração presente no S20 Ultra é algo novo para a marca – mas não no mundo dos telefones. A linha Galaxy S20 tem praticamente a mesma configuração de hardware, mudando a câmera no modelo mais avançado, o S20 Ultra. Os Galaxy S20 e S20+ trazem uma câmera de 64 megapixels e o S20 Ultra, de 108 megapixels, todos com o que a marca chama de “Space Zoom”.
O que é o Space Zoom? Na prática, a mesma coisa que a Huawei fez com a linha P30 no ano passado, com um zoom óptico grande (5x) que usa um prisma na traseira do telefone e um zoom híbrido (até 50x) graças a alguns truques de câmera. O S20 Ultra consegue chegar até 100x de aproximação, o que impressiona bastante na teoria – a prática é outra coisa.
A traseira do S20 Ultra – a peça de dominó – é ocupada pela câmera principal (108 megapixels), uma grande-angular (12 megapixels) e o zoom/periscópio (48 megapixels), além de um flash LED e um sensor de profundidade. E é o zoom o grande diferencial desse aparelho, mas que requer um pouco de treinamento e adaptação por parte do consumidor.
Por padrão, a câmera não vem com o modo de 108 megapixels ativado. O padrão é manter 12 megapixels ativado e, dependendo da cena, o sistema de “inteligência artificial” da câmera sugere alternar para 108 megapixels, para conseguir capturar mais detalhes da cena, com resultados excelentes – e arquivos enormes gerados.
Porém, existem falhas no processo. O foco automático, principalmente em imagens muito de perto, tende a falhar. É algo que deve ser resolvido com alguma atualização futura. Em cenas noturnas, o desempenho é muito bom, porém a câmera demora a capturar a foto – em uma festa em um bar, por exemplo, é difícil manter as pessoas paradas por sete segundos para tirar uma foto perfeita (caso da vida real). Ativar o flash acabou se tornando uma excelente alternativa, com uma iluminação muito boa nas fotos. É uma câmera, no geral, que pode oferecer resultados excelentes, mas que nem sempre o fotógrafo vai ter a paciência para esperar por tamanha perfeição.
O zoom híbrido de 100x, como o de 50x do Huawei P30 Pro, acaba se mostrando mais como uma promessa de venda do que uma realidade: a câmera principal, quando aberta, mostra as opções de alternar entre a lente grande angular, a principal e o zoom óptico de 5X.
Ao tocar no zoom, aparecem mais opções (0,5, 1, 2, 4, 10, 30 e 100x). Acima dos 5x, o zoom se torna híbrido entre óptico e digital (misturando o sensor do periscópio e processamento via software) e traz bons resultados – dependendo da iluminação, claro – até 30x, o que é um fato surpreendente para uma câmera de smartphone. Acima disso, a imagem perde qualidade e fica difícil se encontrar na cena distante demonstrada na tela, provando o ponto de que é mais um número para o pessoal do marketing usar. Um guia, no canto do display, ajuda a se localizar quando for brincar de espião olhando as varandas dos prédios na vizinhança.
Entre as outras novidades da câmera, o destaque vai para o novo modo Tomada Única, que usa todas as câmeras ao mesmo tempo para capturar vídeos e fotos de uma cena específica – um parabéns a você. O fotógrafo, então, escolhe os momentos importantes para guardar, dando maior opção de escolha.
Finalmente, outro número enorme do Samsung Galaxy S20 Ultra é a capacidade de gravar vídeos na resolução 8K. Aqui a câmera gera um arquivo enorme (cerca de 1 megabyte por segundo capturado) e lindo de ver na tela do telefone, mas complicado de assistir em outros lugares – a não ser em TVs 8K de marcas como a própria Samsung. Dá para fazer upload na resolução máxima para o YouTube, pelo menos.