O amor é azulzinho
O azul é uma das cores mais fascinantes e intrigantes que existem. Pode representar muitas coisas diferentes, dependendo do contexto em que é usada. Há algo no azul que sempre me fascinou. Talvez seja a maneira como ele pode ser, ao mesmo tempo, calmo e vibrante, uma cor que pode transmitir tantas emoções diferentes.
Ainda passo um bom tempo olhando o céu azul, imaginando mundos distantes e histórias incríveis. As vezes ele me convida para um universo de possibilidades, um mundo onde tudo é possível e nada proibido.
Recentemente li uma matéria muito interessante sobre o azul, que inclusive me motivou a escrever esse texto. Mesmo parecendo estranho, em algum momento da história a cor azul não parecia existir. Pesquisando alguns dos textos mais antigos da humanidade, como a Odisseia e a Ilíada, escritos chineses e hebreus, não há referências a essa coloração.
Um filósofo e linguista chamado Lazarus Geiger resolveu investigar quando a palavra “azul” começou a aparecer em diferentes idiomas. Em textos antigos das línguas pesquisadas, ele descobriu que primeiro surgiram palavras para descrever as cores preta e branca (ou escuro e claro). Depois, começava a surgir a palavra “vermelho”, a cor do sangue.
Depois do vermelho, historicamente, o amarelo aparece e, posteriormente, o verde. A última dessas cores a aparecer em todos os idiomas é o azul. A única cultura antiga a desenvolver uma palavra para o azul foi a egípcia. Curiosamente, eles também eram o único povo da antiguidade que sabia produzir corantes azuis.
O mais interessante disso é que um grupo de cientistas realizou um experimento com uma tribo da Namíbia que também não possui a palavra “azul” em sua linguagem. Colocaram diante de seus membros 11 quadrados verdes e um azul e, para a surpresa dos especialistas, eles não conseguiram saber qual peça não se encaixava no padrão. Ou seja, eles não eram capazes de diferenciar o verde do azul.
Quando não existe uma palavra para descrição, tudo se torna muito mais difícil. Embora os olhos dos participantes estivessem vendo fisicamente os blocos da mesma maneira que as pessoas familiarizadas com o conceito de azul enxergam a cor, essa percepção era alterada pela falta de um termo que a definisse.
Azul de vez em quando é assim mesmo. Azul a gente só sente. Tudo azul com você? Ou anda sentindo o blues? Azul é miragem líquida, uma mistura única de serenidade e mistério que nos envolve em suas nuances.
Azul é uma definição em si mesmo, tipo saudade. É o tom da saudade, do céu vasto e infinito, que nos acolhe em seu abraço azulado e nos leva para longe, em pensamentos e sonhos. É o tom da calma, da paz que nos tranquiliza a alma.
A cor azul é a paleta da vida, a representação do infinito, um tom poético que nos inspira e nos convida a explorar os nossos próprios limites. Em cada matiz de azul, podemos encontrar um universo inteiro de sensações e emoções, um mar de sentimentos que nos envolvem e nos levam para o conhecido ou desconhecido.
O azul pode ser muitas coisas, mas uma é certa: é uma cor que sempre nos surpreende. Azul é o simbolismo de sofisticação humana. Quanto mais pensamos, mais o Deus do azul nos ilumina. Seja em um céu claro de verão ou em uma pintura impressionante, o azul tem o poder de nos envolver. Como diria Gilberto Gil em Índigo Blue, ‘desde a serra da barriga, até as grutas do coração’. Afinal, o amor é azulzinho 💙