Funcionário comete erro e gera caos na Bolsa de Nova York
Um erro cometido por um funcionário que esqueceu de desligar um sistema afetou as ações de mais de 250 empresas e levou ao cancelamento de milhares de negociações na Bolsa de Nova York (NYSE, na sigla em inglês), na última terça-feira, 24. O problema, curiosamente, ocorreu no sistema de recuperação de desastres.
O centro de backup de dados da Bolsa de Nova York fica em Chicago, a mais de 1.100 km da sede física, e realiza uma rotina que inclui ligar e desligar os sistemas assim que os mercados fecham, para garantir que tudo funcione.
Na segunda-feira, 23, porém, um funcionário esqueceu de desligar adequadamente o sistema de recuperação de desastres, o que levou os computadores da Bolsa a tratar erroneamente a abertura das 9h30 de terça-feira como uma continuação das negociações do dia anterior.
Com isso, os computadores pularam os leilões de abertura do dia que estabelecem os preços iniciais. Sem a etapa, as ofertaram chegaram com os preços mais variados.
Os mecanismos projetados para evitar oscilações violentas do mercado acabaram acionados e dispararam alarmes nas telas das mesas de operações. Os papéis de empresas como AT&T, Verizon e Morgan Stanley foram afetados. Em alguns casos, houve oscilações de 25 pontos percentuais em questão de minutos.
As negociações de várias ações tiveram de ser temporariamente paralisadas logo após a abertura do pregão e posteriormente foram anuladas.
Em comunicado, a NYSE informou que não realizou o leilão de abertura para algumas ações por um “problema de sistema”. Um conjunto de negociações ocorreu antes do estabelecimento dos limites de preços. Pelas regras vigentes, esses negócios estão sujeitos à revisão da operadora da Bolsa, que pode classificá-los como “claramente errôneos”.
Nesse cenário, a NYSE decidiu anular operações ocorridas após a abertura às 11h30 (de Brasília), mas antes da determinação dos limites superiores e inferiores. Também avalia classificar os negócios como anômalos. “Esta ação eliminará essas execuções do cálculo do preço máximo ou mínimo do dia”, ressalta a nota.
O custo do caos gerado ainda está sendo calculado. Profissionais do mercado e operadores amadores estão abalados, e esperam que a Bolsa explique melhor o que chamou publicamente de “erro manual” envolvendo sua “configuração de recuperação de desastre”.
Procurada, a Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) afirmou ao Estadão/Broadcast que a equipe técnica do regulador está revisando as atividades e está em contato direto com a Bolsa. O funcionário que teria cometido o erro ainda não foi identificado.