Fornecedora da Prefeitura é alvo de mandados pela Polícia Civil
Envolvida em um imbróglio jurídico com a Prefeitura de Marília, a empresa Biogeoenergy, com sede em Araraquara (distante 233,3 quilômetros), foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Civil nesta segunda-feira (1) após problemas com outro cliente – o Consórcio Nordeste.
No caso envolvendo Marília, a empresa foi obrigada pela Justiça a entregar 17 mil máscaras pelo preço acertado previamente. A Biogeoenergy vinha cobrando mais do que o negociado e exigia pagamento antecipado, o que não é previsto na lei de licitações.
A prática reprovável, segundo apurado pelo Marília Notícia, se repetiu com outras instituições públicas, mas o que desencadeou a ação policial foi uma transação no valor de R$ 48 milhões envolvendo a empresa por 300 respiradores que não foram entregues.
A Biogeoenergy faz parte do grupo Hempcare, que assinou com o Consórcio Nordeste o contrato para aquisição dos equipamentos médicos.
Em Araraquara, além da sede da Biogeoenergy, também foi cumprido mandado de busca no apartamento de um dos diretores da empresa. Foram apreendidos um carro e documentos.
A operação, batizada de Ragnarok, foi desencadeada pela Polícia Civil da Bahia que cumpriu três mandados de prisão e 15 de busca e apreensão em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
Entenda
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, o grupo empresarial se apresentava como revendedor dos produtos chineses. Mais de 150 contas bancárias vinculadas aos investigados foram bloqueadas pela Justiça.
De acordo com as investigações, a empresa tentou negociar de forma fraudulenta com vários setores no país, entre eles os hospitais de campanha e de Base do Exército em Brasília (DF).
A informação da polícia é de que se trata de um grupo especializado em estelionato, através de fraude na venda de equipamentos hospitalares.
Segundo a SSP baiana, a Hempcare se apresentava como revendedora de respiradores chineses, no entanto o contrato seria falsificado. A informação da embaixada da China seria de que a empresa estrangeira é do setor de construção civil.
O diretor da Biogeoenergy em Araraquara teria anunciado na semana passada o início da construção de mais de 4 mil respiradores naquela cidade e também em Feira de Santana.
À imprensa, os advogados da empresa disseram que só falta a homologação da Anvisa para que a produção seja iniciada.
A informação da investigação é que a dona da Hempcare, que inclusive teve os bens bloqueados, declarou ter assinado contrato de importação de equipamentos chineses, mas os aparelhos passaram a dar problema.
Conforme o secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, no lugar foram colocados à disposição respiradores que sequer tiveram a montagem iniciada na fábrica localizada em Araraquara. De acordo com ele, houve “tentativa de ludibriar o Consórcio Nordeste”.
Marília
Em Marília existe ainda uma denúncia à Polícia Federal por suposta compra fraudulenta de máscaras de proteção por parte do poder público. A Prefeitura repudia tais acusações, que diz serem eleitoreiras e cobra punição contra os responsáveis pela “calúnia”.
Na denúncia, que aponta enorme variação de preço entre fornecedores do mesmo produto, a empresa é citada. O município aponta que os valores oscilantes ocorrem pela grande demanda e diz que a Justiça avalizou a aquisição.
Biogeoenergy
A reportagem solicitou o posicionamento oficial da Biogeoenergy sobre o assunto, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.