Filha e genro acusados de matar pai acamado vão a Júri
A Justiça de Marília tornou réus Suellen da Silva Bertoleti e César Augusto da Silva, acusados de matar o soldador Hélcio Carvalho Bertoleti, de 56 anos, entre o dia 21 e 22 de outubro de 2021. A vítima, pai da indiciada, tinha perdido os movimentos após um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A decisão é do juiz Paulo Gustavo Ferrari, da 2ª Vara Criminal de Marília. O magistrado também manteve a prisão preventiva da dupla e negou o direito de recurso em liberdade.
“Do mesmo modo, há indícios de que os réus tenham sido os autores das agressões físicas que levaram a vítima a óbito. Além dos depoimentos colhidos durante a instrução probatória, há o laudo pericial atestando a presença de sangue humano na calça utilizada pelo réu César (fls. 178/187), os laudos e fotos apontando ferimentos nas mãos dos réus compatíveis com as agressões suportadas pela vítima (fls. 33, 40 e 115/117) e, por fim, as mensagens enviadas pela ré Suellen à sua genitora, nas quais se mostrava extremamente irritada e descontrolada por ter que cuidar do pai, dizendo, inclusive, que queria matá-lo”, escreve o juiz.
ENTENDA
A polícia conseguiu depoimentos de testemunhas que apontaram uma madrugada barulhenta no apartamento de Hélcio. Os relatos indicam briga entre Suellen e César.
Na manhã seguinte, o acusado foi visto entrando e saindo várias vezes do apartamento. Pouco antes de o corpo do sogro ser localizado, o suspeito teria encontrado um morador e afirmado: “Vai lá ver o que ela fez com ele”. Para a polícia, uma clara referência à Suellen e à vítima.
O casal já não estava no local quando uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou para atender chamado da vizinhança. Hélcio estava morto sobre a cama, com o rosto praticamente desfigurado.
Sangue no braço e também várias manchas em um travesseiro, ao lado da cama de solteiro. A Polícia Militar foi acionada e preservou o local até a chagada da perícia e da equipe da delegada plantonista Renata Yumi Ono.
Os investigadores prenderam César em um bar próximo ao bairro CDHU. Já Suellen foi detida na casa da mãe dela. O rapaz, durante interrogatório, imputou a morte de Hélcio à companheira. A mulher negou ter matado o pai.
Conforme apurou o MN, uma das principais provas materiais da polícia, além de uma calça jeans com manchas de sangue – vestes usada por César –, foi uma gravação de mensagem de áudio atribuída à Suellen.
Em mensagem à mãe, a acusada afirma que não suportava mais cuidar do pai. “Pelo amor de Deus mãe, não aguento mais esse cara. Ele caga para os outros limpar. Agora que aprendeu que os outros limpam. Está pesado mãe”, diz a jovem.
Em outro trecho, a estudante manifesta descontrole e diz que vai matar o pai. “Eu quero matar ele. Eu queria enforcar ele. Eu estou morrendo por dentro, não aguento”, afirma.
Suellen também conta à mãe que Hélcio havia recebido algum valor [benefício, por sua condição de saúde] e queria beber. Diz ainda que teria sido aconselhada a dar bebida ao pai, para evitar que ele piorasse, por abstinência. Em nenhum momento, porém, aponta violência do homem acamado.
Além do áudio, depõe contra o casal a situação em que César foi preso. Bebendo após o crime, sem aparentar nenhum arrependimento, ele tinha nas calças respingos de sangue. O jovem ainda tinha ferimentos no punho direito, compatíveis com o emprego de força excessiva, com a mão fechada.