Febre entre jovens, TikTok é o segundo app mais baixado do mundo
Febre entre o público jovem, o aplicativo chinês TikTok é hoje o segundo aplicativo mais baixado do mundo. Segundo dados da consultoria Sensor Tower, o app que traz vídeos curtos e bem-humorados só ficou atrás do WhatsApp em downloads no terceiro trimestre de 2019. Ao todo, foram 178 milhões de downloads, à frente de programas populares como Facebook Messenger, Facebook e Instagram – o WhatsApp teve 182 milhões, puxado pelo bom desempenho entre os usuários do sistema Android.
Por permitir dublagens de músicas, criação de efeitos visuais e transições criativas com facilidade, o TikTok virou sinônimo de juventude. O aplicativo se comunica super bem com toda uma geração que já está habituada a consumir vídeos verticais e que também se vê como produtora de conteúdo. É algo que se torna mais útil (e palpável) em celulares com especificações mais robustas – não à toa, o TikTok é hoje também o aplicativo mais popular do iPhone.
Segundo a SensorTower, o app teve 37 milhões de downloads no terceiro trimestre, mais do que qualquer outro no iOS. O aplicativo chinês retomou a liderança no sistema, que já possuiu entre o terceiro trimestre de 2018 ao primeiro trimestre deste ano. A queda, no período entre abril e junho deste ano, fez muita gente se perguntar se o hype em torno do aplicativo, feito pela empresa chinesa Bytedance, teria passado. Os números mais recentes indicam que não, mas em matéria de redes sociais, é cedo para dizer.
Para o consultor de mídias digitais Alexandre Inagaki, a ascensão do TikTok deve-se a um conjunto de fatores, que vão desde o investimento forte em mídias, como o apoio oficial à cerimônia de premiação do Emmy, que escolhe os melhores do ano na TV americana. Além disso, colou no aplicativo o rótulo de ser a “rede social descolada da vez”, atraindo cada vez mais jovens e millenials. E onde estão os jovens, estão também os artistas: segundo Inagaki, o movimento de audiência fez nomes populares aderirem à plataforma – caso do ator Will Smith, da atriz Reese Witherspoon e do jogador de futebol americano Tom Brady, marido de Gisele Bundchen.
A grande dúvida, para Inagaki, é saber se o TikTok será capaz de se manter forte perante à concorrência – gigantes como Google e Facebook têm trabalhado em rivais para o app chinês. É algo que já deu problema no passado. “O Snapchat, por exemplo, perdeu muito terreno depois que o Instagram lançou os Stories”, diz o consultor. “A ByteDance, porém, tem mais bala na agulha que o Snapchat na época para bater de frente com os pesos pesados”.
É uma questão de recursos: enquanto o Snapchat ainda tentava entender seu modelo de negócios com anunciantes, a ByteDance já é uma empresa avaliada em torno de US$ 75 bilhões e tem fechado cada vez mais acordos comerciais – marcas como a NFL e a Ambev já fecharam campanhas por ele. Ainda de acordo com a SensorTower, o TikTok faturou quase US$ 40 milhões só no iOS, um aumento de 371% na comparação ano a ano. Para Inagaki, a agilidade em fechar essas parcerias também ajuda o aplicativo a manter uma comunidade de criadores em torno de si – o que apps como Vine e Snapchat tiveram dificuldade de fazer.
Para Isabela Ventura, presidente executiva da agência Squid, o TikTok ainda está longe do seu auge. Popular na China, o app tem influência no Oriente, mas ainda pode ganhar bastante terreno no mundo ocidental – e, em especial, nos Estados Unidos. “A rede social traz uma experiência leve e divertida, o que atrai o público rapidamente. O app é muito popular entre os adolescentes: 41% dos usuários da rede social estão entre 16 e 24 anos”, destaca.
Na visão de Ventura, o TikTok é um misto de Youtube com Instagram, mas com ferramentas de edição mais avançadas, ao mesmo tempo que práticas. Esse foi um dos fatores preponderantes para que criadores de conteúdo brasileiros passassem a montar comunidades no software. Como o perfil @iBugou, que já tinha um canal relevante no Youtube, mas ‘estourou’ no TikTok com vídeos que misturam uma edição apurada com bom humor. Hoje, ele tem mais de 2.4 milhões de seguidores por lá, contra 313 mil no Youtube.
O país de origem e o desconhecimento no Ocidente, porém, também podem gerar problemas ao TikTok. Nesta semana, dois senadores americanos – Charles E. Schumer e Tom Cotton – pediram às autoridades de inteligência um relatório para determinar se o aplicativo representa “riscos à segurança nacional”. Em post não assinado, os líderes do TikTok escreveram post nesta quinta-feira, 24, enfatizando sua independência da China. A empresa alegou que armazena dados de usuários dos EUA no próprio país norte-americano e que eles não estão “sujeitos às leis chinesas”.