Fazenda tem 80% de área destruída por fogo; produtor relata indignação

A fumaça sentida por grande parte da população de Marília nos primeiros dias desta semana tem um significado ainda mais doloroso para o produtor rural José Luiz Tavares Sebastião. Em sua propriedade, às margens da rodovia Transbrasiliana (BR-153), foram horas de desespero: o fogo devastou cerca de 80% da área.
O incêndio, que pode ter começado em uma área de cachoeiras próxima à fazenda — usada por visitantes aos fins de semana —, espalhou-se rapidamente por causa do vento forte e do tempo seco, mesmo com a existência prévia e o reforço de aceiros preventivos — faixas de terra sem vegetação que funcionam como barreiras contra o avanço do fogo.
As chamas consumiram pastagens, destruíram cercas e atingiram áreas de mata em, ao menos, dois grandes focos entre a zona sul de Marília e a divisa com Ocauçu. Os produtores não têm dúvidas de que o incêndio foi criminoso.
O caso foi encaminhado à Polícia Civil, que investiga crime ambiental. “Mais de 150 alqueires foram queimados, cerca de 80% da área total”, lamentou José Luiz, em entrevista ao Marília Notícia.
Apesar do estrago, ele contou que conseguiu proteger as edificações e o gado. “Mas cerca, não sobrou nenhuma. Ontem mesmo já precisei comprar comida para os animais. O custo da produção deve aumentar entre 30% e 35% até a pastagem se refazer”, disse.
O produtor estima que o prejuízo será alto e a recuperação, lenta. O pasto pode se regenerar parcialmente com as primeiras chuvas, mas a mata nativa levará anos, segundo sua avaliação. “A vegetação deve demorar uns dez anos pra voltar.”

VENTO E FOGO
Uma onda de queimadas atingiu toda a região de Marília, Ocauçu, Lupércio e Vera Cruz desde segunda-feira (6). Além de pastagens e cercas em áreas de pecuária, o fogo destruiu eucaliptos e vegetação nativa abundante.
Durante a tarde de segunda, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou a interditar um trecho da rodovia Transbrasiliana por quase duas horas, devido à densa fumaça que cobriu a pista e prejudicou a visibilidade.
Brigadas formadas por produtores rurais atuaram no combate às chamas, com apoio de um helicóptero de uma empresa de celulose e de equipes do Corpo de Bombeiros de Marília.
As condições climáticas continuam preocupantes: mesmo com a chegada de uma frente fria, a baixa umidade do ar e o vento constante mantêm alto o risco de novos focos de incêndio.
Nesta quarta-feira (8), apesar da melhora na umidade e da queda na temperatura, ainda há pequenos focos de incêndio na área atingida no início da semana, segundo o produtor. A expectativa é de que a chuva reduza o risco de reignição.