Família alega negligência após parto em casa
Uma família viveu momentos de apreensão em Marília, com o nascimento do filho dentro de casa, no Jardim São Vicente de Paulo, zona Sul da cidade. O casal contou com o apoio dos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Antes, porém, a mãe conta que recebeu o primeiro atendimento no Hospital Materno Infantil (HMI), mas teria sido liberada ao ser informada que não estava em trabalho de parto.
De acordo com Fernanda Maria Barteli, na última segunda-feira (24), o tampão estourou às 3h da manhã e ela então entrou em contato com a mãe. Como sempre foi atendida no HMI, foi direto para a unidade que é referência no atendimento de mulheres.
“Cheguei lá, fui direcionada lá para baixo. Nisso eu já estava tendo contrações. O moço me levou de cadeira de rodas e o meu marido ficou em cima para estacionar o carro e fazer a ficha. Até então, achei que logo depois, ele ia se encontrar comigo, mas não deixaram”, conta Fernanda.
Durante cerca de 20 minutos a mulher aguardou em uma sala. Uma médica dizia que precisava do “caderninho do bebê”, enquanto ela estava com fortes contrações, com vazamento de líquido. Fernanda afirma que a médica perguntava onde estava o pai da criança, mas Clayson Scapim estava com dificuldades de conseguir liberação para chegar até a esposa.
“Ela [médica] falou que ia começar o atendimento sem o caderninho mesmo e me levou lá para dentro. Na situação que eu me encontrava, concordei. Ela e outra mulher mais velha me fizeram um toque muito, muito, muito forte mesmo. Foi muito triste essa parte. Depois de ter feito isso, ela me botou para fazer um eletro no coração do bebê. Depois ela veio toda irônica, debochando na minha cara, falando que eu não estava em trabalho de parto”, conta.
Quando Clayson chegou com o caderninho, após muita insistência para ir até a esposa, o casal foi orientado a procurar atendimento na Maternidade e Gota de Leite. Como foi informada que ainda não estava em trabalho de parto, decidiu passar em casa para tomar um banho, antes de ir para a Gota de Leite.
“Como disseram que não nasceria naquele momento, fui para tomar um banho em casa, para depois ir até a Gota de Leite ver o que estava acontecendo. Só que eu não tive mais estabilidade de levantar. Coloquei o colchão no chão na sala e as contrações ainda estavam fortes. Chamamos o Samu e eu tive o Gael. Eles foram muito legais e me ajudaram bastante depois do nascimento do meu filho”, relata Fernanda.
Mãe e o filho foram novamente levados para o Hospital Materno Infantil, onde a mulher teria sido mais uma vez maltratada. Fernanda também reclama que pesaram de forma equivocada o filho recém-nascido.
“Fui super mal atendida por outra mulher, não sei se ela era outra médica, mas ela veio gritando comigo, sabe? Que eu tinha que ter ido direto para a Gota. Sinto que houve muita negligência médica”, pontua a mãe.
Nesta quinta-feira (27), Fernanda e o marido registraram um Boletim de Ocorrência, para que a Polícia Civil investigue o caso.
Em nota, o Hospital Materno Infantil (HMI) informa que “a paciente F.M.B. recebeu toda a assistência necessária pela equipe de Ginecologia e Obstetrícia desde a sua entrada na unidade. Após avaliação médica, em que foi constatado o seu quadro clínico estável, ela foi encaminhada à maternidade da Gota de Leite, unidade de referência para baixa e média complexidade. A unidade teve conhecimento do nascimento da criança pelo Samu, que levou a mãe e o recém-nascido ao HMI, onde receberam toda a assistência e estão estáveis.”