Falta de vagas em creches dificulta vida de famílias em Marília
Frequentemente a trabalhadora autônoma Hellen Alves, de 35 anos, precisa deixar sua barraca no camelódromo, no Centro de Marília, fechada. Isso acontece porque ela não tem com quem deixar sua filha de 11 meses, nem consegue vaga em creche municipal.
“Fiz a inscrição em março, mas na creche Irmão Maurício me disseram que a demanda é muito grande, tem muita gente na fila. Fui orientada a ir na Secretaria de Educação e no Ministério Público para conseguir a vaga, mas não consegui falar com o promotor responsável”, diz Hellen.
Ela se queixa do “jogo de empurra” e diz que em algumas ocasiões acaba levando a criança para o trabalho, o que não é adequado. “Aqui é difícil de atender os clientes com ela no colo, dar comida e banho na minha menina”, relata.
Eventualmente, Hellen acaba contratando alguém para ajudá-la, mas a despesa deteriora o já limitado orçamento familiar. “Minha sogra fica com a nenê uma vez ou outra, mas ela é idosa, não posso ficar abusando”.
“Me disseram que eu deveria ter feito a inscrição para vaga em creche quando ainda estava grávida, mas eu não sabia disso lá atrás”, detalha a trabalhadora autônoma que também tem outros dois filhos de 8 e 10 anos para cuidar.
A falta de creches afeta a vida de centenas de marilienses, mas a Prefeitura não revela qual o tamanho da fila de espera. A situação também se caracteriza por uma afronta ao direito à educação, previsto na Constituição Federal.
O sobrinho de Andreia de Brito, 32 anos, também está sem vaga em creche. A criança tem 11 meses e a família não tem condições de “pagar R$ 500 ou R$ 600 por uma escolar particular”, diz a mulher.
A mãe da criança está a ponto de perder seu emprego, diz Andreia sobre sua cunhada. “Nós revezamos, mas quando não posso ficar com meu sobrinho, é a minha cunhada, a mãe mesmo, que cuida dele, mas ela acaba tendo que faltar no serviço”.
A renda da família, que conta com três adultos trabalhando é de aproximadamente R$ 3 mil. Isso teria impedido que eles conseguissem o benefício da assistência judiciária gratuita da Defensoria Pública.
“Disseram que não temos o perfil de baixa renda, mas não temos condições de pagar um advogado. A criança está sendo privada de um desenvolvimento adequado, de direitos básicos”, afirma Andreia.
De acordo com ela, a falta de vagas não é limitada a algumas regiões da cidade. “Na Secretaria de Educação do município nos disseram que não tem lugar nem para creche na zona Sul, onde moramos, nem em outros lugares. Nem na zona Norte conseguimos”.
Outro lado
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da administração municipal para comentar o a falta de vagas e saber quais medidas estão sendo tomadas. No entanto, a Prefeitura não respondeu até o fechamento desta matéria.