Fake news: MN confere falas de candidatos em debate de Marília
Informações falsas, meias verdades (para confundir), números jogados e dados desencontrados marcaram o primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Marília, em emissora regional de TV aberta.
A transmissão foi feita na noite da última quarta-feira (14) pela TV Bandeirantes. O Marília Notícia analisou o discurso e as falas dos candidatos, para destacar alguns pontos de imprecisão ou informações falsas.
Abelardo Camarinha
– “Eu fiz mais de 40 escolas”.
AFIRMAÇÃO FALSA
O candidato se “apropriou” do processo de municipalização do ensino – transferência da atribuição do ensino Fundamental do Estado para o município – que aconteceu em 1999, quando era prefeito de Marília.
Posteriormente a prefeitura teve que construir novas escolas, mas o candidato não foi responsável pela construção desse número de escolas, como afirma.
– “Marília atingiu o terceiro lugar no IDH na minha gestão”.
AFIRMAÇÃO FALSA
A série histórica do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é acompanhada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O censo do ano 2000, quando o candidato era prefeito, indica que o município tinha o 40º melhor índice do país. Em São Paulo, era o 27º.
– “Não tenho nenhuma, se eu tivesse alguma condenação, eu não estaria aqui”.
AFIRMAÇÃO FALSA
O candidato é réu condenado (em primeira e segunda instância, em vários processos por improbidade administrativa – violação de princípios da administração pública – e também por corrupção). Na grande parte dos casos, recursos inesgotáveis a instâncias superiores tem adiado o cumprimento de penas.
-“Vamos reabrir o Educandário”
AFIRMAÇÃO FALSA
O Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal nunca deixou de funcionar. Na gestão passada, a entidade foi transferida para o prédio do Patronato, na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, onde mantém parceria com a Prefeitura e segue com atendimento a crianças e adolescentes.
– “Foram contratados dois mil funcionários, nenhum médico, nenhum enfermeiro”.
AFIRMAÇÃO FALSA
Entre os 1.813 servidores contratados por concurso, desde 2017, estão 18 médicos e 30 enfermeiros efetivos.
– “Você já fez a contas, de 250 cargos comissionados, até R$ 7 mil (salário), mais Plano de Saúde mais cesta básica, quanto fica isso por mês, por ano e nos quatro anos”
AFIRMAÇÃO FALSA
Segundo os cálculos do político, o valor seria equivalente a R$ 1,7 milhão ao mês, R$ 22,7 milhões ao ano e cerca de R$ 100 milhões em quatro anos.
Embora correto – por aproximação – em seu cálculo, a pergunta não corresponde aos cargos comissionados mantidos na gestão atual. O máximo que houve no governo Daniel Alonso foi 122 cargos, a maioria deles com salário de R$ 3,3 mil.
Já na gestão 2013/2016 (do ex-prefeito Vinícius), o número chegou a 166 pessoas indicadas sem concurso.
Daniel Alonso
– “Em primeiro lugar deixar claro que no meu governo temos apenas 80 cargos em comissão”.
AFIRMAÇÃO FALSA
São 122 cargos comissionados, incluindo os 14 secretários municipais.
– “Acabamos com os desperdícios. Não têm mais vazamentos em Marília”
AFIRMAÇÃO FALSA
Houve redução dos vazamentos nos últimos anos em Marília, mas não existe na cidade nenhum sistema de monitoramento que permita afirmar categoricamente que não existe nenhum vazamento na cidade. O que pode ter melhorado é o tempo resposta para os reparos.
O Painel Saneamento Brasil, iniciativa do Instituto Trata Brasil (ITB), aponta o indicador “Perdas na Distribuição”, que também é impactado pelos vazamentos (inclusive água que não chega a brotar na superfície). Em 2016, as perdas eram de 54,1% do total de água produzida. Em 2018 – último ano com dados disponíveis – oscilou para 51,5%.
-“Vamos coibir, junto com a Polícia Civil, junto com a Polícia Militar, vamos punir todos aqueles que provocam esse tipo de covardia, que é a violência contra a mulher”.
IMPRECISÃO
Embora tenha desenvolvido políticas públicas de prevenção à violência e apoio às vítimas, a função de punir os agressores é do Poder Judiciário.
-“Quando assumimos a Prefeitura de Marília, o déficit (vagas nas creches) era de mais de mil crianças. Hoje nós zeramos essa fila e temos uma oferta de 2,6 mil (vagas). Ou seja, temos condições de atender 2,6 mil a mais”.
IMPRECISÃO
Embora tenha reduzido o déficit na rede de Educação, passados mais de seis meses da pandemia, a oferta de vagas nas creches já reflete a desistência dos pais, já que as escolas infantis seguem fechadas.
Nayara Mazini
-“Prevemos a ampliação do horário de atendimento da Delegacia de Defesa da Mulher para 24 horas, em prédio próprio”.
IMPRECISÃO
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) é mantida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, por meio do Governo do Estado de São Paulo, sem participação da Prefeitura.
Atualmente, as ocorrências podem ser registradas 24 horas do dia – das 08h às 18h na DDM e no restante do período no Plantão Policial.