Facilidades tecnológicas fazem crescer número de golpes em Marília
Realidade que se espalha por todo o território nacional e em Marília, é crescente o número de ocorrências de estelionato que têm sido registradas diariamente. O crescimento se dá com o aumento dos usuários da internet e com as facilidades nas transações bancárias, principalmente, depois da pandemia da Covid-19. Hoje, o golpe mais comum é o do falso intermediário, em que o estelionatário engana tanto o comprador quanto o vendedor.
O delegado seccional de Marília, Wilson Carlos Frazão, afirma que é grande o aumento do número de ocorrências de estelionato, e acredita que as facilidades da internet auxiliaram os criminosos na prática dos golpes.
“Em minha análise, [a alta é] pela facilidade das transações comerciais e bancárias pela internet. Na pandemia se facilitou tais transações e o crime, assim como qualquer negócio, se aproveitou disso”, considera o delegado seccional.
O golpe mais praticado atualmente tem atingido vendedores e compradores de veículos e, por mais complexo que pareça, acontece com grande frequência. A prática consiste em fraudadores que se utilizam de anúncios de terceiros para negociar veículos usados ou seminovos. O objetivo do golpe é clonar anúncios reais e receber o pagamento do comprador interessado pelo veículo.
Os bandidos costumam procurar por veículos seminovos, com ótimas condições de uso e de anunciantes não profissionais, o que aumenta suas chances de sucesso durante a ação. Com o anúncio definido, o estelionatário então passa para a negociação com o vendedor do veículo.
O golpista inicia a conversa com uma proposta, relacionando o pagamento do automóvel a uma suposta dívida de um terceiro. Durante esse processo, o criminoso pede ao vendedor do veículo sigilo absoluto sobre o valor negociado entre eles.
Depois de simular a negociação, o estelionatário entra na etapa de clonagem do anúncio. Ele cria um anúncio semelhante ao original, porém, com um preço muito abaixo da média de mercado.
A partir da solicitação do comprador para checar o veículo, entra em cena o encontro entre as duas vítimas. O estelionatário marca dia, horário e local para esse encontro acontecer. Para garantir o bom funcionamento do golpe, ele orienta as duas vítimas para que não conversem sobre valores durante o encontro.
O golpe do intermediário se concretiza quando o comprador transfere o dinheiro para o estelionatário, até então conhecido como vendedor pela vítima. Com o pagamento feito, o comprador começa a cobrar a transferência dos documentos do veículo, quando finalmente descobre o golpe, tento como vítimas tanto o comprador quanto o vendedor.
Delegado seccional de Marília pede que as pessoas não confiem em links encaminhados por SMS ou e-mail, nunca comprem produtos antes de pesquisar a respeito do vendedor e sempre desconfiem de ofertas mágicas, com preços muitos baixos.
“É preciso também desconfiar de pedidos de dinheiro por aplicativo de mensagens de pessoas próximas que informam terem trocado o número de celular. Orientamos ainda que as pessoas não comprem bens em leilões sem primeiro checar a procedência e, se possível, tenham contato direto com o vendedor”, orienta Frazão.
OUTROS GOLPES
Vítimas que não possuem o processo de verificação em duas etapas do WhatsApp ou Telegram podem ser facilmente hackeadas. Após invadir a conta da vítima, o criminoso começa a pedir dinheiro para amigos e familiares. O crime é tentado com vários contatos, até que a vítima consiga retomar o acesso.
Outro crime virtual é o do falso sequestro. O bandido liga para a pessoa, afirmando estar com alguém da família e pede que um depósito seja feito, caso contrário, o parente será morto. Os criminosos tentam esse delito centenas de vezes no dia, até conseguir enganar alguma vítima.
O falso leilão também tem enganado algumas pessoas. As vítimas entram em um site, que afirma estar realizando o leilão de veículos, mas tudo não passa de golpe. A vítima faz o lance e “ganha” o leilão, sendo orientada a depositar o valor para resgatar o bem, mas ele não existe ou não está sendo vendido.
Em outro tipo de golpe, os estelionatários usam nomes e dados de advogados, fingindo entrar na Justiça por alguma causa, cobrando por isso e simplesmente sumindo com o dinheiro. A vítima então faz uma representação na OAB contra o advogado, que é surpreendido pelo delito. Neste caso, tanto quem perdeu o dinheiro quanto o advogado – que tem os dados usados indevidamente – são vítimas.
A transferência por Pix facilitou todos os delitos, já que o dinheiro é transferido imediatamente para o bandido. O dinheiro costuma ser enviado para uma conta de laranja ou mesmo uma conta aberta com nome e documentos falsos, para que o criminoso faça o saque do dinheiro sem ser identificado.
O criminoso tem preferido praticar esse tipo de golpe, pois não precisa de contato presencial com a vítima e não é possível o reconhecimento posterior. O estelionato pode ser praticado da casa do criminoso ou de qualquer local em que ele estiver, até mesmo de dentro de uma prisão.