Facebook seguirá permitindo que políticos mintam em anúncios
O Facebook reafirmou, nesta quinta-feira, 9, sua posição a respeito da checagem de fatos em declarações feitas por políticos em publicações patrocinadas na rede social, mantendo-os fora da política utilizada para qualquer usuário. Em outras palavras, a rede seguirá permitindo que candidatos e pessoas em cargos públicos mintam em suas postagens, sem que elas possam ser verificadas por equipes especializadas – ou percam alcance ao se provarem falsas.
É uma posição polêmica: nos últimos anos, a empresa tem sido acusada gravemente de ter colaborado, com desinformação e interferência russa, para mudar os resultados de eleições ao redor do mundo – incluindo a eleição do americano Donald Trump em 2016. Antes do pleito que pode reeleger Trump, a empresa anunciou novas mudanças na forma como seus usuários se relacionam com anúncios políticos.
Entre as novidades, está o fato de que os usuários poderão escolher visualizar menos anúncios políticos e de conteúdo social (isto é, que discutam causas relacionadas aos pleitos) tanto no Facebook como no Instagram. A empresa prometeu ainda que as pessoas poderão ver mais claramente os dados sobre a audiência das propagandas políticas feitas na plataforma. Segundo a empresa, as mudanças serão lançadas até o fim do primeito trimestre de 2019.
Em um post publicado no blog oficial da empresa, o diretor de gerenciamento de produto Rob Leathern disse que a empresa considerou impor limites aos anúncios de políticos, mas desistiu depois de ver que as principais propagandas de candidatos à presidência americana tem alcance mais amplo, com audiências que somam mais de 250 mil pessoas. “Acreditamos que as pessoas devem poder ouvir daqueles que querem liderá-las”, disse Leathern.
A decisão vai contra a posição de outras empresas de internet, como o Twitter e o Google. A rede social de Jack Dorsey baniu, em outubro, todos os anúncios de cunho político, enquanto o o Google disse que não permitirá mais que anunciantes utilizem dados como informações de votação pública e afiliação política para direcionar anúncios. Outras empresas, como Spotify, Pinterest e TikTok, também baniram os anúncios políticos.
Outra mudança promovida pelo Facebook é a de que os usuários poderão escolher não ver mais anúncios baseados em “escolhas customizadas” dos anunciantes – algo que acontece quando quem paga pelo impulsionamento de uma mensagem utiliza uma lista específica de pessoas, com seus dados pessoais. No entanto, as pessoas terão de optar por não ver os anúncios de cada anunciante – não haverá uma opção para desligar a função de modo geral.
Deepfakes
Na terça-feira, o Facebook apresentou uma série de mudanças para combater a disseminação de mentiras em sua rede social, incluindo a remoção de “deepfakes” e outros vídeos manipulados. Apesar disso, parlamentares dos Estados Unidos disseram que as mudanças não são suficientes.
Uma audiência em andamento pela Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados dos EUA marca o mais recente esforço dos congressistas em avaliar as defesas digitais do Facebook antes da eleição presidencial de novembro e ocorre quatro anos após a Rússia usar a rede social para espalhar mentiras durante o pleito que elegeu Donald Trump.
Na corrida eleitoral de 2020, as plataformas de mídia social estão sendo pressionadas a combaterem a disseminação dos deepfakes, como são conhecidos os vídeos manipulados que usam ferramentes de inteligência artificial para criarem imagens realistas de pessoas dizendo frases que não disseram.